O mês de janeiro de 2022 registra o menor índice de letalidade por
covid-19 desde o início da pandemia. A taxa que já chegou a 3,38% em
julho de 2020 está em 0,42%, de acordo com dados do Laboratório de
Inovação Tecnológica em Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte (LAIS/UFRN). Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a taxa
representa a proporção de pessoas diagnosticadas com a doença que morrem
em decorrência da infecção.
Em outras palavras, das 18.448 pessoas que se infectaram com o
coronavírus até 26 de janeiro deste ano, 0,42% faleceram em decorrência
da doença, isto é, 77 óbitos. O fenômeno ocorre dentro do que os
especialistas chamam de terceira onda, período entre dezembro de 2021 e
janeiro de 2022, quando houve crescimento de 280% no número de casos de
um mês para o outro. De acordo com o coordenador do LAIS, Ricardo
Valentim, o Estado vive uma fase determinante para o controle da
pandemia.
“Isso significa que nós iniciamos o processo de saída da pandemia.
Ainda vai demorar um tempo para a OMS declarar isso porque existem
países muito pobres, que ainda estão longe. Mesmo assim reduzir a
letalidade hoje em relação ao grande número de casos é um indicativo
muito positivo. Estamos no início do processo de transição de pandemia
para endemia. É muito provável que daqui a um tempo, a pandemia de covid
se torne endêmica no Rio Grande do Norte, assim como é a da H1N1,
síndromes gripais e a dengue”, diz.
Ainda de acordo com o pesquisador, a vacinação foi o principal fator
para o Estado atingir a menor letalidade da covid-19 em quase dois anos
de pandemia. Ele acrescenta que a tendência é que a taxa de letalidade
continue decrescendo com o aumento da testagem. “São os dois principais
fatores: vacinação e aumento da capacidade de testagem. Estamos chegando
próximo da letalidade real, que é bem mais baixa. Essa letalidade que
temos é feita em cima dos óbitos e dos casos positivos”, explica.
A terceira onda da doença é também a menos letal. Um estudo
apresentado pelo Comitê Científico da Secretaria de Estado da Saúde
Pública (Sesap) apontou que a vacinação reduziu a taxa de letalidade
pela covid em 4,7 vezes. O levantamento compara a taxa de 0,67% da
terceira onda (de dezembro de 2021 a 21 de janeiro de 2022) com a os
índices de 1,8% da segunda onda (de março a julho de 2021) e de 2,9% da
primeira onda (entre maio e julho de 2020).
O estudo também diz que, se a terceira onda estivesse ocorrendo nas
mesmas condições da primeira (maio a julho de 2020), quando não havia
vacina disponível, o número de óbitos chegaria a 638. Além disso,
segundo o estudo, caso a terceira onda estivesse ocorrendo nas condições
iguais às da segunda (março a julho de 2021), quando a campanha de
vacinação estava em velocidade longe da ideal, o total de óbitos seria
de 400, ou seja, 267 óbitos a mais do que o contabilizado entre dezembro
do ano passado e 21 de janeiro deste ano.