De acordo com uma nova pesquisa divulgada nesta quarta-feira (4) pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o percentual de
crianças que frequentam escola ou creche no país cresceu no último ano.
Na faixa etária de 0 a 3 anos o salto foi de de 36% registrados em
2022 para 38,7% em 2023. Já entre as crianças de 4 e 5 anos, quando a
matrícula já é obrigatória conforme a legislação nacional, houve um
aumento de 91,5% para 92,9%.
Os dados constam na Síntese de Indicadores Sociais 2024, que traz uma
análise produzida pelo IBGE sobre as condições de vida da população
brasileira. É um estudo amplo que aborda temas variados como mercado de
trabalho, renda, educação, saúde e condições de vida.
De acordo com a divulgação, 19,5% das crianças que frequentam creche
são atendidas pela rede privada. Mas as realidades são bastante
distintas entre os estados. Se no Rio de Janeiro e no Distrito Federal
38,3% das matrículas estão em instituições privadas, no Tocantins e no
Acre esse percentual é de apenas 7,4%.
Para a faixa etária de 0 a 3 anos, há ainda um caminho considerável
para o cumprimento do Plano Nacional de Educação (PNE) que fixa
diretrizes para a política educacional por um intervalo de dez anos. O
que está atualmente em vigor estabelece que 50% dessas crianças deveriam
estar na escola ou na creche.
"Temos ainda uma diferença considerável para a meta do PNE", observa
Bruno Mandelli Perez, analista do IBGE envolvido na pesquisa.
Dificilmente ela será alcançada na vigência do atual plano, pois
seria necessário conquistar até o fim do próximo ano um salto de 11,3
pontos percentuais frente aos 38,7% registrados em 2023.
Isso porque o atual PNE foi elaborado inicialmente para o período de 2014 a 2024 e prorrogado até o fim de 2025. Um novo plano já está em discussão no Congresso.
A pesquisa mostra um cenário muito desigual entre as regiões. Sul
(45,6%) e Sudeste (45,5%) registram os maiores percentuais de frequência
escolar entre 0 e 3 anos. Enquanto isso, no Norte, apenas 20,9% dessas
crianças estão matriculadas em instituições de ensino.
Já para a faixa etária de 4 e 5 anos, os dados apontam para uma
recuperação após uma queda da frequência escolar em meio à pandemia de
covid-2019. Em 2019, antes da crise sanitária decorrente da disseminação
da doença, 92,7% das crianças dessas idades estavam matriculadas.
Apesar da queda para 91,5% em 2022, a situação foi revertida já que, em
2023, registrou-se 92,9% de frequência escolar para essa faixa etária. A
meta do atual PNE, no entanto, é chegar aos 100%.
A evolução mais significativa na frequência escolar de crianças com 4
e 5 anos foi registrada na região Norte, que saiu de 82,8% em 2022 para
86,5% em 2023. Ainda assim, mesmo com o salto de 3,7 pontos
percentuais, ela figura abaixo das demais regiões do país. As maiores
frequências para esta faixa etária são registradas no Sudeste (94,5%) e
no Nordeste (94,4%).
Os dados divulgados pelo IBGE mostram ainda que a frequência escolar
se manteve em 99,4% entre as crianças de 6 a 14 anos. A universalização
nesta faixa etária já está praticamente alcançada há alguns anos.
No entanto, dados envolvendo o acesso à escola na etapa adequada
revelam dificuldades enfrentadas pelo Brasil para retomar patamares
alcançados antes da pandemia. Em 2019, 97,1% das crianças de 6 a 14 anos
estavam cursando a série condizente com sua idade. Esse percentual caiu
para 95,2% em 2022 e, em 2023, registrou nova queda chegando a 94,6%.