Alguns pais apaixonam-se pelo filho assim que o aconchegam no colo pela primeira vez. Já outros demoram algum tempo a
estabelecer uma relação emocional mais intensa com o seu bebê
recém-nascido (dos 0 aos 28 dias de vida). Nestes casos, a ligação
vai-se estabelecendo nos primeiros dias, à medida que o conhecimento
mútuo se intensifica.
O que podem os pais fazer para fomentar este conhecimento mútuo e assim reforçar a ligação com o seu bebê recém-nascido?
1. A frágil personalidade do bebê.
Quando nasce, o bebê já apresenta alguns traços do que será a sua futura personalidade.
Alguns bebês são ativos e alerta. Outros
são mais relaxados e quietos. Alguns sofrem e reagem mal se há
alterações na rotina diária e no modo como cuidam deles. Outros sentem
intensamente a perturbação dos adultos próximos e podem ficar ansiosos,
difíceis de acalmar e com mais necessidade de atenção.
Saber reconhecer estes traços, o que
deixa o bebê mais ou menos confortável, exige tempo, dedicação e muita
atenção. As pistas estão lá, é importante que os pais aprendam a
decifrá-las.
2. Alimentar e cuidar a relação.
As rotinas diárias como alimentar, mudar
a fralda, conversar, cantar, massagear, despir e dar banho, adormecer ou
apenas olhar para o bebê em silêncio e tranquilamente contribui para a
criação de uma relação de grande intimidade entre os pais e o bebê.
Todas as oportunidades de contacto devem
ser aproveitadas para mimar. Rapidamente, o bebé vai perceber as suas
intenções e sentimentos e reagir de acordo com eles. Vai olhar para si
com o mesmo olhar e brincar consigo estendendo as suas mãozinhas à
procura do seu toque.
3. Conversa de bebê.
O recém-nascido já consegue distinguir
claramente a voz dos pais, especialmente a voz da mãe (que já reconhece
mesmo antes de nascer), o que o tranquiliza.
Ouvir a sua voz, fale ou não diretamente
para ele, deixa-o seguro e tranquilo. “Quem cuida de mim está por
perto. Está tudo bem.” Rapidamente, o bebê começa a corresponder e a
comunicar: palavra, agita os braços, provoca, faz barulhinhos com a boca…
Responda-lhe na mesma língua. Comunique
com o bebê da mesma forma que ele comunica consigo. “Use o “maternalês”,
linguagem simples e fácil compreensão e pronunciada de forma correta e
exagerada para captar a atenção do bebê. É uma linguagem mais
expressiva, mais melodiosa, com maior entoação e diferenças de
intensidade.”*
4. A necessidade de aconchego.
O recém-nascido precisa de estar bem
aconchegado para se sentir seguro. Afinal, passou a sua breve vida
enrolado no ventre materno, quente, bem alimentado, confortável. Não
tinha que chamar a atenção para as sua necessidades nem que se esforçar
para obter o que precisava para crescer, não sentia frio, nem fome, nem
cólicas, nem medo de estar sozinho…
Para alguns bebês o momento do banho é o
verdadeiro drama. Se ficam despidos, precisam do aconchego dos braços
da mãe para se acalmarem.
À medida que as semanas passam e o
desenvolvimento motor avança, o bebê perde esta necessidade do
“embrulho” e começa a sentir-se mais confortável com roupa mais solta
que lhe permite mexer-se à vontade, alteração que se dá por volta dos 2
meses de idade.
5. As aptidões motoras do bebê.
O recém-nascido mantém as mãos fechadas até por volta das 6 semanas de vida. A partir dessa altura, começa usá-lo para explorar tudo à sua volta. Com a descoberta das mãos, abrem-se mil oportunidades para brincar.
Muito mais cedo do que pensa, o seu bebê
vai manter a cabeça levantada (se bem apoiado) e antes que dê por isso,
rebola sobre si próprio, senta-se (apoiado), gatinha e começa a andar…
Aos 3 meses de idade, o passatempo
preferido do bebê é descobrir e agarrar e levar à boca as suas próprias
mãos e pés. Rapidamente, a coordenação motora afina-se, apesar de ainda
precisar de aprender a coordenar o que vê com o que quer tocar.
6. Conhecer, explorar e interagir com o mundo.
O recém-nascido precisa de muito pouco
para ser feliz. Aconchego, um sono saudável, refeição a horas, muitos
mimos e companhia resultam na perfeição. O seu bebê nasceu com todos os
sentidos bem despertos. Brincadeiras simples e gestos gentis ajudam-no a
ganhar confiança e a estabelecer uma ligação com quem cuida e interage
com ele.
Algumas ideias que pode experimentar para estimular e conhecer ainda melhor o seu bebê:
- Segure um livro de tecido e mostre-o ao bebê. Descreva baixinho as cores, conte uma história ao ouvido e
ajude-o a tocar levemente nas páginas, com as pontinhas dos dedos.
- Mostre-lhe um brinquedo de modo a que
lhe possa tocar para sentir as texturas. O recém-nascido vê os objetos a
cerca de 30cm de distância (aproximadamente a distância entre o seu
rosto e o da mãe quando está a ser amamentado).
- Agite suavemente um brinquedo com som e
movimente-o delicadamente de um lado para o outro, incentivando o bebê a
virar-se ao encontro do som.
- Com uma fita de cetim ou a ponta de
um tecido delicado, estimule suavemente as palmas das mãos e dos pés,
enquanto lhe fala baixinho.
- Compre brinquedos adequados à idade do
bebê, com texturas e com cores de alto-contraste, especialmente preto e
branco ou preto e cores primárias (vermelho, azul e amarelo).