O presidente Luiz Inácio Lula da Silva
participou, nesta quarta-feira (13), da inauguração do Complexo
Mineroindustrial da EuroChem, em Serra do Salitre, Minas Gerais. Toda a
produção do local será destinada ao mercado interno, com previsão de
fornecer 1 milhão de toneladas de fertilizantes fosfatados por ano para a
agricultura brasileira, o equivalente a 15% da produção nacional.
De acordo com o governo, o Brasil é
responsável, atualmente, por cerca de 8% do consumo global de
fertilizantes, ocupando a quarta posição, atrás da China, Índia e dos
Estados Unidos. No entanto, mais de 80% dos fertilizantes utilizados no
Brasil são importados, “evidenciando um elevado nível de dependência
externa”.
“Nós queremos deixar de ser importador”,
disse Lula. “O ano passado foram US$ 25 bilhões que nós pagamos para
importar fertilizante para o Brasil. Esse dinheiro poderia ter sido pago
para empresários aqui dentro, que geram emprego aqui dentro, que geram
salário aqui dentro e que geram qualidade de vida aqui dentro”,
acrescentou o presidente, convidando os empresários da EuroChem a
investir mais no Brasil.
Em discurso, Lula destacou a importância da
soberania e autossuficiência do Brasil em relação aos fertilizantes.
Para o presidente, é preciso aumentar os investimentos nesse setor para
desenvolver ainda mais o agronegócio do país.
“O Cerrado brasileiro, na década de 70, era
tido como terra imprestável. Quando a gente passava no lugar e via uma
mata toda torta, toda enrugada, falava ‘essa terra não presta’. Depois o
que aconteceu. Com o manejo daquela terra, o Cerrado passou a ser o
lugar mais produtivo desse país”, disse o presidente, lembrando das
incertezas criadas no setor com a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, já
que os russos são um grande fornecedor de insumos para produção de
fertilizantes.
“Se o Brasil é um país agrícola, de um
potencial extraordinário, quase que imbatível hoje, pelo alto grau de
investimento em ciência e tecnologia e genética, por que a gente não é,
pelo menos, autossuficiente na produção dos fertilizantes que nós
precisamos?”, questionou Lula. “Não existe arma de guerra mais
importante na face da terra do que o alimento. O alimento é a arma mais
importante, porque é a sobrevivência de todas as espécies vivas do
planeta”, acrescentou.
Para diminuir a dependência externa, o
Conselho Nacional de Fertilizantes e Nutrição de Plantas (Confert),
liderado pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria,
Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, aprovou em novembro de 2023 as
diretrizes, metas e ações do novo Plano Nacional de Fertilizantes.
O principal objetivo é chegar a 2050 com uma produção nacional capaz de
atender entre 45% e 50% da demanda interna, além de gerar oportunidades
e empregos para os brasileiros.
As principais ações do plano, de curto e
médio prazo, visam reativar, concluir ou ampliar fábricas de
fertilizantes estratégicas para o Brasil, sobretudo nitrogenados e
fosfatados. Nitrogênio e fósforo, além do potássio, estão na base da
maior parte dos nutrientes químicos usados na agricultura.