O ano de 2024 se aproxima do fim com resultados que mostram
indicadores positivos no campo econômico, mas ao mesmo tempo, números
que trazem certo grau de preocupação para a economia brasileira. Nesta
segunda-feira (30), último dia útil do ano para bancos e bolsa de
valores.
Alguns indicadores, como o comportamento do Produto Interno Bruto
(PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país), são referentes ao
terceiro trimestre de 2024. Outros, como os relativos ao emprego,
alcançam período mais recente, como novembro.
Emprego
A taxa de desocupação, mais conhecida como desemprego, fechou o trimestre encerrado em novembro em 6,1%.
Esse é o menor índice da série histórica da Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, iniciada em 2012 pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Isso representa 6,8 milhões de pessoas em busca de emprego no país.
Já o número de pessoas ocupadas atingiu o recorde de 103,9 milhões.
No mesmo trimestre de 2023, a taxa de desocupação era de 7,5%. Em dezembro de 2023 o índice fechou em 7,8%.
Esse comportamento do mercado de trabalho possibilitou também que o
número de pessoas com carteira assinada atingisse o ponto mais alto da
série, 39,1 milhões entre agosto e novembro de 2024.
Ainda de acordo com o IBGE, a taxa de informalidade foi 38,7% da
população ocupada - ou 40,3 milhões de trabalhadores informais. No mesmo
período do ano passado, a marca era de 39,2 % (ou 39,4 milhões).
Informais são empregados sem carteira assinada ou pessoas que
trabalham por conta própria, mas que não são cobertos pela previdência
social.
A pesquisa traz ainda dados sobre a renda do trabalhador. Em
novembro, o rendimento médio ficou em R$ 3.285, crescimento de 3,4% ante
o mesmo período de 2023. A massa de rendimento – somatório do que é
recebido pelo conjunto de trabalhadores - foi recorde, R$ 332,7 bilhões,
com alta de 7,2% em um ano.
Outro dado muito acompanhado por economistas para avaliar o mercado
de trabalho é o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged),
compilado pelo Ministério do Trabalho e Emprego e que leva em
consideração apenas o emprego formal, ou seja, com carteira assinada.
De janeiro a novembro,
o Brasil apresentava um saldo positivo de 2,2 milhões de empregos
formais. No mesmo período de 2023, o saldo era de 1,9 milhão.
PIB
O conjunto de indicadores econômicos direcionam o comportamento da
economia brasileira, que é medida pelo PIB, calculado pelo IBGE.
O dado mais recente é o do terceiro trimestre:
a economia cresceu 0,9% na passagem do segundo para o terceiro
trimestre, empurrada pela indústria e pelo setor de serviços, na 13ª
expansão consecutiva. A agropecuária foi o único setor que registrou
queda.
Em relação ao terceiro trimestre de 2023, o PIB apresentou alta de
4%. No acumulado de quatro trimestres, o crescimento da economia do país
soma 3,1%.
O desempenho brasileiro foi destaque entre o G20
(grupo que reúne as 19 maiores economias do mundo mais as uniões
Europeia e Africana), mas trouxe preocupações em relação aos níveis de
investimento.
O resultado do PIB fechado de 2024 será conhecido em março de 2025.
Inflação
Outro indicador econômico que afeta diretamente o bolso do brasileiro
é a inflação. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA),
chamado também de inflação oficial, acumula nos 12 meses até novembro
4,87%, ficando acima da meta do governo, 3% com tolerância de 1,5 ponto percentual (p.p.) para mais ou para menos.
É também o maior acumulado desde setembro de 2023. De janeiro a novembro, o IPCA sobe 4,29%.
O IPCA-15, que é uma prévia do índice oficial, fechou 2024 em 4,71%.
O IBGE divulgou também que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor
(INPC) somou até novembro 4,84%. O INPC apura a variação do custo de
vida para as famílias com renda de até cinco salários mínimos. Já o
IPCA, até 40 salários mínimos.
O INPC de 12 meses acumulado até novembro serve como indexador para calcular o valor do salário mínimo, o que deve levar o valor para R$ 1.518.
Outro índice de inflação bastante acompanhado por economistas e
inquilinos é o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M). Apurado pela
Fundação Getulio Vargas (FGV), o indicador é comumente chamado de
“inflação do aluguel”, pois costuma corrigir anualmente os contratos de
moradia.
O IGP-M encerrou 2024 em 6,54%, cenário bem diferente de 2023, quando houve deflação, ou seja, ficou negativo em 3,18%.
Juros
O Brasil adota o regime de meta de inflação, definida pelo Conselho
Monetário Nacional (CMN), composto pelos ministros da Fazenda, do
Planejamento e presidente do Banco Central (BC). A perseguição da meta é
conduzida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do BC.
A alta do IPCA em 2024 e a perspectiva para os anos seguintes fizeram
com que o Copom subisse a taxa básica de juros, a Selic, que termina o
ano em 12,25% ao ano. Altas do dólar e do preço dos alimentos influenciaram a decisão do comitê.
A Selic é um instrumento do Banco Central para controlar a inflação.
Taxa alta faz com que empréstimos fiquem mais caros – seja para pessoa
física ou empresas - e é sinônimo de freio na atividade econômica, o que
tem potencial de conter aumento de preços, mas, por outro lado,
desestimula investimentos e a criação de emprego e renda.
Em janeiro, a Selic estava em 11,25%. Houve trajetória de queda até
encostar nos 10,50% em maio. Mas o instrumento monetário sofreu uma
inflexão e voltou a subir em setembro, apontando trajetória de elevação.
Dólar
O ano de 2024 marca também a desvalorização do real ante o dólar. Em
2023, a moeda estrangeira fechou cotada a R$ 4,85. Ao longo dos 12 meses
que se encerram nesta segunda-feira, o dólar foi ganhando força e se
aproxima de uma valorização de 27%, terminando o ano negociado a R$
6,18.
Entre os efeitos mais diretos da alta da moeda norte-americana, há
pressão inflacionária, pois produtos importados – sejam finais ou
matérias-primas – ficam mais caros no Brasil. Por outro lado,
exportadores aumentam ganhos, já que as receitas obtidas em dólar nas
vendas para outros países passam a valer mais após a conversão para o
real.
Para tentar conter a alta da moeda estrangeira, o BC fez leilões de dólar, como forma de saciar o apetite de agentes do mercado financeiro e diminuir a pressão sobre o real.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reiterou que o Brasil adota o
câmbio flutuante, ou seja, não há intervenção para manter a moeda em um
valor fixo, mas reconheceu a necessidade de atuações pontuais do BC em momentos de muita volatilidade.
O comportamento da moeda norte-americana é atribuído a uma série de
fatores dentro do país – como a preocupação com o nível de gastos do
governo – e fora - como o resultado das eleições americanas e o patamar
de juros nos Estados Unidos. Via A/B.