Com olhar triste, tom de voz baixo, Jakeline Rodrigues da Silva, de 20 anos, se tornou inimiga do espelho. A dona de casa teve 73% do corpo queimado depois que o marido Nilson Pereira dos Santos, de 33 anos, jogou gasolina e ateou fogo em seu corpo.
A agressão ocorreu no distrito de Jacy-Paraná, a 80 quilômetros de
Porto Velho, em outubro do ano passado. A mulher faz fisioterapia duas
vezes na semana, pois teve os movimentos dos braços comprometidos e
sofre com dores constantes. Nilson permanece preso.
Jakeline mostra com angústia as partes do corpo queimado. O cabelo foi
cortado curto, pois também foi atingido. A pele em recuperação gera
desconfortos, como coceiras. Apesar de tudo, a mulher comemora a vida.
“Fiquei dois meses internada no Hospital de Base [em Porto Velho], mas graças a Deus estou viva”, ressalta. Atualmente Jakeline mora com a família, em Ariquemes (RO).
A dona de casa conta que saiu de Ariquemes para morar com Nilson em
Jacy-Paraná. Depois de oito meses de convivência, o casal discutiu e
Jakeline pediu para voltar à casa da família. Ela embarcou num táxi com
as malas, mas Nilson a seguiu com uma motocicleta.
“Ele jogou a moto na frente do táxi e ameaçou o taxista, que teve que
me levar de volta a casa onde morávamos. A gente brigava, mas ele nunca
me agrediu; sempre aparentou ser uma pessoa tranquila, mas nesse dia ele
surtou”, lembra.
Ao chegar à residência, Jakeline estava assustada com o comportamento
do marido que ameaçava jogar gasolina nas malas. A mulher lembra que
estava no fundo do quintal, quando sentiu algo gelado em seu corpo. “Foi
tudo muito rápido; ele jogou gasolina em mim e ateou fogo. Corri
desesperada, molhei o cabelo no tanque e alguns colegas me envolveram
numa toalha”, relata.
Jakeline teve queimaduras de 1º, 2º e 3º graus, que atingiram os
braços, tronco, nádegas e coxas. Ao falar sobre o ex-marido, é enfática:
“Eu quero distância dele e quero que ele pague pelo que fez comigo”.
Agora Jakeline planeja o futuro. “Quero voltar às aulas, pois parei de estudar na 5º série. Quero arrumar um emprego e recomeçar minha vida”, diz.