
Há seis meses, a dona de casa Josélia
dos Santos, 65 anos, moradora do bairro Brasília, em Feira de Santana,
recebeu a ligação de um homem desconhecido, a partir de um número de
telefone não identificado, que dizia ter sequestrado uma filha sua e
pedia um resgate no valor de R$ 5 mil.
“Primeiro eles ligaram para o meu marido
e disseram que haviam sequestrado um filho. Nervoso, meu marido passou a
ligação para mim e eu conversei com ele. Ele disse então que era uma
filha. Naquela hora, uma das minhas filhas estava doente e a outra
trabalhando ao lado”, informou a dona de casa.
Desconfiada, ela ligou para a filha que estava doente, e soube através do marido dela
que estava tudo bem. A dona de casa disse que passou então a debochar
do golpista, pedindo que ele colocasse a suposta vítima para falar com
ela ao telefone.
“Foi então que ele afinou a voz,
fingindo ser uma mulher e começou a chorar gritando ‘mãe, mãe’. Eu disse
a ele que só podia dar R$ 500 e perguntei como poderia realizar o
pagamento. Ele perguntou se não tinha agências bancárias perto da minha
casa. Desligamos o telefone, e ele voltou a ligar, mas nós não atendemos
mais”, disse.
Assim como Josélia dos Santos, milhares
de pessoas recebem telefonemas anônimos todos os dias de golpistas
tentando extorquir dinheiro ou pedindo dados de documentos pessoais e
senhas de cartão de crédito. Em entrevista ao Acorda Cidade, a delegada
titular da 1ª Delegacia de Feira de Santana, Milena Calmon, fez uma
alerta sobre os golpes praticados por telefone. Segundo ela, é preciso
ter calma e não agir sem antes averiguar a veracidade das informações.
“A maioria dos casos que chegam aqui são
de pessoas que ligam se identificando como parentes, sobrinhos,
afilhados, primos, dizendo que se encontram na estrada, em BR’s, com o
carro quebrado, e pedem que a vítima faça depósitos em determinada conta
para que eles possam efetuar o conserto do veículo. Logo em seguida, as
pessoas acabam constatando que foram vítimas de um golpe, ou seja,
esses golpistas se utilizaram de algumas informações, nomes e
características físicas, pra que a vítima acredite se tratar mesmo de um
parente”, explicou a delegada.
Ela acrescenta que, da mesma forma, os
bandidos ligam informando que sequestraram parentes e colocam pessoas ao
telefone chorando. Também nesses casos, é necessário manter a calma,
entrar em contato com outros familiares e tentar checar as informações e
os locais, para saber se de fato coincidem com o parente. Milena Calmon
alerta ainda que em apenas alguns casos as vítimas que caem no golpe
conseguem ter o dinheiro de volta. “Algumas pessoas conseguiram prestar
queixa, ir até o banco e a agência bancária conseguiu fazer o bloqueio
da conta, mas a grande maioria não, porque quando os golpistas percebem
que a vítima fez o depósito, eles vão em qualquer local e efetuam o saque, de contas de laranjas mesmo, de pessoas que a gente não consegue chegar à identificação.”
A delegada ressalta também que com a
facilidade do telefone celular os golpistas falam de vários estados do
Brasil, por isso é necessário que se tenha cautela ao receber a notícia e
tomar as primeiras providências. Via Tribuna da Bahia.