Cerca de um terço (32,3%) das crianças com menos de dois anos de idade
consumam refrigerante ou sucos artificiais. Os dados são da Pesquisa
Nacional de Saúde, divulgada nesta sexta-feira (21) pelo ministério e
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, e mostram ainda
que passa dos 60% a quantidade de crianças nessa faixa etária que
consomem bolos, bolachas ou biscoitos.
“Está havendo uma substituição importante do padrão de alimentação
das crianças, que já se reflete na população adulta e que precisa ser
revertida”, disse o ministro da Saúde, Arthur Chioro. Ele afirmou que vê
com preocupação os dados sobre obesidade e sobrepeso da população, mas
considerou especialmente preocupante as informações sobre os hábitos
alimentares de crianças.
“Isso projeta, se não tivermos efetividade nas políticas de prevenção
e promoção, um cenário de enfrentamento de sobrepeso e obesidade que
trarão uma carga de doenças extremamente importantes e significará que
nossa população envelhecerá sem qualidade de vida”.
O ministro defendeu que o combate a esse problema deve passar por uma
resignificação “do momento da refeição” e também pelo incentivo à
prática diária de atividade física, incluindo não apenas esportes, mas
caminhadas, danças e subir escadas, por exemplo.
“Por isso que nós valorizamos demais a agricultura familiar, local,
regional e a utilização das frutas de estação, porque podem substituir
esses alimentos ultraprocessados, extremamente industrializados e que
não fazem bem à saúde, por alimentos saudáveis e disponíveis a baixo
custo”, disse ele, que acrescentou: “Isso significa retomar hábitos
alimentares que a população brasileira sempre teve e que devem ser
valorizados”.
Chioro avaliou que, diferente do que acontecia no passado, o problema
não é falta de oferta de serviços no sistema de saúde, mas sim a
necessidade de construir e incorporar hábitos mais saudáveis.
“Se não fizermos rapidamente uma inversão, assumiremos um padrão de
obesidade e de uma carga de doenças que alguns países como Estados
Unidos e México já apresentam, com deletérios impactos sobre a saúde, os
sistemas de saúde e a qualidade de vida da população”.