Pesquisa feita pelo instituto Ipsos indica que a ânsia dos eleitores
brasileiros por uma novidade na campanha presidencial arrefeceu desde o
fim do ano passado, ao mesmo tempo em que a experiência dos candidatos
passou a ser mais valorizada.
Em levantamentos feitos pelo Ipsos em dezembro de 2017 e na primeira
quinzena de julho deste ano, o instituto fez aos eleitores algumas
perguntas sobre o perfil desejado do próximo presidente. Uma delas
avalia se seria preferível se ele ou ela fosse “alguém que é político há
muitos anos” ou “um nome novo na política”. A preferência pelo político
veterano subiu 11 pontos porcentuais no período, de 39% para 50%,
enquanto as opções por um novato caíram de 52% para 44%.
Outra pergunta foi se os eleitores preferem um presidente
“experiente” ou “íntegro e ético”. A opção pela experiência subiu de 31%
para 41%, enquanto houve queda de 65% para 56% no quesito integridade.
“Esse resultado reflete uma decepção com o novo”, disse Danilo
Cersosimo, diretor do Ipsos. “Essa opção não se concretizou para os
eleitores. Experiência política e administrativa vão acabar pesando
muito na campanha.”
Ensaios. Nos últimos meses, alguns nomes não ligados tradicionalmente
ao mundo político fizeram movimentos e sondagens relacionados a uma
possível candidatura presidencial, mas não chegaram a formalizar a
iniciativa.
O apresentador de televisão Luciano Huck chegou a admitir a
possibilidade de concorrer e conversou com o PPS, mas recuou. O
ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa se filiou ao
PSB e também cogitou concorrer, mas desistiu.
O empresário Flávio Rocha, dono da rede de lojas Riachuelo, também
não conseguiu viabilizar sua candidatura pelo PRB e anunciou a saída da
disputa no último dia 13.
Dos principais nomes na corrida presidencial, quase todos já passaram
pelo crivo das urnas – a exceção é Henrique Meirelles (MDB),
ex-ministro da Fazenda, mas ele não tem empolgado o eleitorado, segundo
as mais recentes pesquisas.
Mau humor. O Barômetro Político Estadão-Ipsos, pesquisa que todos os
meses analisa a opinião dos brasileiros sobre personalidades do mundo
político e jurídico, mostrou um quadro de quase estabilidade em julho,
na comparação com resultados anteriores.
Todos os presidenciáveis que devem participar das eleições seguem com
taxas altas de reprovação. O que aparece em pior situação é Geraldo
Alckmin (PSDB): 68%% desaprovam seu desempenho, contra 19% de aprovação.
Preso desde abril, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) segue com a maior
aprovação entre os políticos: 45%. Ele é desaprovado por 53%. Jair
Bolsonaro (PSL), cuja desaprovação tinha subido em junho, voltou aos
níveis que tinha em maio. Ele é aprovado por 23% e desaprovado por 60%.
“O mau humor geral mantém esses indicadores de desaprovação em um
nível bem alto”, observou Cersosimo. “Não significa dizer que nomes
desaprovados não tenham potencial eleitoral. Dado que as opções são
essas, é bem possível que o eleitor acabe optando por nomes que ele
desaprove ou vote branco ou nulo.”
Apesar de o Ipsos incluir o nome de possíveis concorrentes ao
Planalto em sua pesquisa, o instituto não procura medir intenção de
voto. O que os pesquisadores dizem aos entrevistados é o seguinte:
“Agora vou ler o nome de alguns políticos e gostaria de saber se o (a)
senhor (a) aprova ou desaprova a maneira como eles vêm atuando no País”.