Se no primeiro ano da pandemia de covid-19
no Brasil, que começou em março de 2020, de 70% a 80% dos óbitos estavam
concentrados entre pessoas com mais de 60 anos, em março deste ano os
números começaram a mudar e as mortes de pessoas mais novas, até 59
anos, já passam da metade.
É o que mostram os dados do Portal da Transparência do Registro Civil,
que agrupa as informações sobre o número de mortes por suspeita ou
confirmação de covid-19. Os dados dos cartórios sobre a pandemia começam
no dia 16 de março de 2020. O levantamento feito pela reportagem da Agência Brasil inclui as informações lançadas até o início da tarde de hoje (18).
O coordenador do sistema InfoGripe da
Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz), Marcelo Gomes, explica que essa
tendência de redução da idade dos óbitos é influenciada por dois
fatores. O primeiro deles é o avanço da vacinação no país, que iniciou
no fim de janeiro pelas pessoas mais velhas.
“Agora a gente já está, felizmente, com uma
população acima de 70 anos com uma cobertura de segunda dose bastante
expressiva, acima de 80 anos já temos 80% da população com a segunda
dose e passados mais de 20 dias da imunização. Pessoas de 60 anos já
estão com uma cobertura de primeira dose bastante significativa, mas de
segunda dose ainda não. Mas como as pessoas de 70 anos ou mais eram uma
parcela importante dos óbitos, já começa, felizmente, a surtir um
efeito”, afirmou Gomes.
O outro fator apontado por ele para a redução da faixa etária dos óbitos é a maior circulação das pessoas em idades mais ativas.
“A outra parte se explica porque, quando a
gente teve aquela subida [de casos e óbitos por covid-19] fortíssima a
partir de fevereiro, nessas fases de crescimento muito acelerado, é
usual a gente observar um aumento proporcional, relativo, da população
mais exposta, ou seja, a que circula mais, que é a mais jovem. Teve um
efeito desse período de transmissão acelerada, que afeta a população
mais ativa.”