Entre 2004 e 2013, a renda do trabalho diminuiu sua participação no orçamento das famílias mais pobres
– que ganham até um quarto do salário mínimo – de 73,6% para 57%. Ao
mesmo tempo, as outras fontes de custeio familiar cresceram de 20,3% em
2004 para 37,5% em 2013. Os dados são da Síntese de Indicadores Sociais,
divulgada nesta quarta-feira (17), pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo
o instituto, considera-se “outras fontes” programas de transferência de
renda, aluguéis e bônus financeiros, entre outros. No entanto, a
coordenadora da Síntese, Barbara Cobo, acredita que, no caso das
famílias de renda mais baixa, a maior parte dessas outras fontes venha
de programas de transferência de renda, como o Bolsa Família.
“Essas famílias mais pobres passaram a contar com esse tipo de
rendimento, então eles cresceram de importância no âmbito do orçamento
familiar. Mas isso não quer dizer que teve um impacto disso sobre o
nível de ocupação das pessoas nessa faixa de renda, que pouco se
alterou”, disse Barbara.
Ela explica que os programas de transferência de renda não substituem
o rendimento do trabalho, mas são uma garantia para as famílias mais
pobres. “Essas famílias têm uma característica de inserção precária no
mercado de trabalho. Elas entram e saem do mercado de trabalho o tempo
todo. Com a transferência de renda governamental, elas passam a contar
com uma renda complementar. Você previne que essas pessoas tenham uma
renda mesmo em caso de desemprego e possam recusar trabalhos
degradantes.”
A pesquisa mostrou que, de 2004 a 2013, o Índice de Gini, que mede a
desigualdade social de um país, caiu de 0,555 para 0,501. A maior queda
ocorreu de 2004 a 2011, quando o indicador chegou a 0,506. Quanto mais
próximo de zero, menos desigual é uma sociedade.
De acordo com o levantamento, a participação dos 10% mais ricos na
renda nacional caiu de 45,8% em 2004 para 41,7% em 2013. Ao mesmo tempo,
a participação dos 40% mais pobres subiu de 9,4% para 11,6%.
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