domingo, outubro 02, 2016

Projeto de ressocialização estimula empreendedorismo em presídio feminino do RN.

Bolsas customizadas com fuxico, bordado e outras referências do artesanato nordestino. Esse é o principal produto desenvolvido pelas apenadas que participam do “Transforme-se”, projeto de ressocialização que funciona desde 2005 no Pavilhão Feminino do Complexo Penal Dr. João Chaves.
 
Com patrocínio da Cosern e o apoio do Governo do Estado, através da Lei Câmara Cascudo e da Secretaria de Justiça (Sejuc), atualmente cerca de 180 internas participam de aulas de artesanato sustentável e manufatura de acessórios femininos pela remissão de pena. “Quando eu cheguei lá, eu ouvi muitas meninas dando graças a Deus que elas iam ter alguma coisa para fazer”, conta Efigênia Cruz, coordenadora do projeto.
 
O trabalho funciona de modo personalizado. “Cada ano a gente escolhe um tema e customiza, e nunca saem duas do mesmo modelo. Quando foi o centenário de Luiz Gonzaga, a gente fez a coleção Viva o Baião, e no ano passado foi sobre Frida Kahlo, que rendeu a campanha Transforme-se em Frida”, recorda Efigênia.
 
Na campanha Transforme-se em Frida, a população foi convidada a se transformar na artista mexicana para ajudar a divulgar nas redes sociais o trabalho de ressocialização. “Foi uma forma de mostrar que lá dentro não tem só baderna, que tem alguma coisa boa acontecendo”, conta a coordenadora. Na próxima quinta-feira (6), a campanha será realizada na Pinacoteca do Estado, em evento aberto à visita do público para a exposição dos acessórios produzidos na última coleção.
 
Além das aulas de artesanato, o projeto tem foco no incentivo do espírito empreendedor. “A gente tenta ensinar como elas podem vender os produtos do lado de fora, para tentar fazer com que não percam o foco quando saírem do presídio”, conta a coordenadora.
 
A prova de que funciona é que a ex-participante Glória Messias, após conseguir a liberdade, tornou-se uma divulgadora do Transforme-se em feiras como a Brasil Mostra Brasil e Fiart com a venda de suas próprias bolsas, que tem na produção o trabalho terceirizado de outras ex-apenadas. “A gente sabe que não tem um retorno econômico grande pra uma pessoa, mas tem em qualidade pra todas elas, que podem ver que tem outra saída que não o crime”, completa Efigênia.
 
Serviço
Exposição Transforme-se em Frida – 11 anos do Projeto Transforme-se
Quando: De 6 a 11 de outubro
Local: Pinacoteca do Estado
Coquetel de abertura: Dia 6, às 18h30
Entrada gratuita

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