A diferença de desempenho no Enem entre as escolas ricas e pobres do
País aumentou entre 2014 e o ano passado. O intervalo que separa os dois
grupos passou de 58,6 pontos para 98,9 pontos entre as duas edições, se
considerada a média das provas objetivas (Matemática, Linguagens,
Ciências da Natureza e Ciências Humanas).
A reportagem fez o recorte separando as escolas públicas e privadas
em dois grupos: um deles é o de nível socioeconômico alto e muito alto. O
outro é o de nível socioeconômico baixo e muito baixo. Desde 2014, o
Ministério da Educação separa as escolas em sete níveis socioeconômicos
distintos, levando em conta o perfil dos alunos que frequentam a
unidade.
Esse abismo entre ricos e pobres voltou ao patamar de 2013. Naquele ano, a diferença entre eles foi de 100,8 pontos.
Pesquisas já mostraram que a situação social do aluno é um dos
fatores que mais pesam na nota. Jovens pobres, além de terem mães pouco
escolarizadas, têm pouco acesso a bens culturais, o que reforça sua
condição.
Análise do Instituto Alfa e Beto mostra que existe um ganho de nota
entre cada um dos sete níveis socioeconômicos. A diferença entre os
extremos é de 145 pontos. O maior ganho é na passagem do nível alto para
o muito alto (50 pontos).
O cruzamento dos dados também mostra que matricular o filho em uma
escola privada não é garantia de melhor resultado. A diferença entre
escolas públicas e privadas entre grupos sociais iguais é pequena.
Nas escolas públicas ricas (níveis socioeconômicos alto e muito
alto), a média de nota nas provas objetivas foi de 522,2 pontos. Já nos
colégios privados do mesmo grupo, a nota foi apenas 2,1 pontos maior. A
situação também se repete em outros níveis.
Desigualdades
Para a presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais
(Inep), Maria Inês Fini, a diferença de desempenho entre escolas ricas e
pobres reflete um problema estrutural do País. Além do nível
socioeconômico, a baixa qualidade de colégios mais pobres explica a
diferença. “São da periferia, muitos deles em condições de existência,
de estrutura física, bastante vulnerável.” Segundo ela, a reforma do
ensino médio deve ajudar a resolver esse problema. Via
jornal O Estado de S. Paulo.
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