Cientistas de várias instituições do país
anunciaram, na manhã desta quarta-feira (5), a descoberta do que dizem
ser o maior dinossauro já encontrado no Brasil, com 25 metros de
comprimento. O fóssil que levou à conclusão foi encontrado em Presidente Prudente, no interior de São Paulo. O animal viveu no país há 70 milhões de anos, segundo os pesquisadores.
A descoberta, anunciada no Museu de Ciências da Terra, na Urca, Zona
Sul do Rio, revela novas informações sobre as espécies que habitaram o
território brasileiro. O Austroposeidon magnificus, como foi chamado, teve vértebras do pescoço e da coluna vertebral encontradas no local onde uma estrada estava sendo aberta.
Com base nas características anatômicas, o animal pode ser classificado
no grupo dos titanossauros, que eram dinossauros herbívoros com um
corpo bem desenvolvido, pescoço e cauda longa e um crânio relativamente
pequeno. Habitaram o mundo principalmente durante o período cretáceo,
nas áreas onde atualmente são a América do Sul, a África, a Antártida e a
Oceania.
A descoberta do fóssil aconteceu na década de 50, pelo paleontólogo
Llewellyn Ivor Price, que faleceu em 1980 e não chegou a ver sua
descoberta reconhecida. A demora no anúncio se deve ao tempo necessário
para estudar o material.
"Price se preocupou em criar um ambiente de pesquisa. Graças a isso,
conseguimos criar uma equipe que vem trabalhando, um laboratório
adequado e fazer os trabalhos científicos que precedem uma grande
descoberta", afirmou o diretor do Museu de Ciências da Terra, Diógenes
Campos.
Alex Kellner, paleontólogo do Museu Nacional (UFRJ), destaca que uma
das principais causas da demora foi a falta de dinheiro e apoio à
ciência no Brasil.
"Apenas quando tivemos que financiar uma pesquisa contínua é que
pudemos fazer essa preparação. Também não é um material fácil de
manusear. Por último, temos que lembrar que paleontologia não é só feita
no Rio", explicou Kellner.
A tecnologia também ajudou a desvendar os segredos do maior dinossauro
brasileiro. Um aparelho de tomografia foi usado para analisar o material
encontrado, para estudar a parte interna dos ossos. O estudo revelou
características novas para os titanossauros, como anéis de crescimento
intercalados com um tecido ósseo mais denso, cujo significado ainda não
foi compreendido completamente pelos pesquisadores.
Para que o material ainda tivesse condições de estudo mais de 50 anos
depois, o cuidado foi fundamental para preservar os ossos. Eles ficaram
em prateleiras de madeira, com temperatura ambiente controlada e a
retirada cuidadosa de todos os sedimentos de terra e rocha.
No Brasil, já foram descobertas nove espécies de titanossauros. Antes
da descoberta, o maior era o Maxakalisaurus topai, com mais de 13 metros
de comprimento.
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