Em uma carta aberta divulgada ontem segunda-feira (3) – dia seguinte ao
primeiro turno das eleições municipais –, sete intelectuais anunciaram
que estão se desfiliando da Rede
Sustentabilidade e teceram uma série de críticas ao partido e à
ex-senadora Marina Silva, principal líder política da legenda. Uma das
principais queixas do grupo se deve ao fato de a sigla ter decidido
apoiar o impeachmente de Dilma Rousseff.
A carta é assinada por Luiz Eduardo Soares, Miriam Krenzinger, Marcos
Rolim, Liszt Vieira,Tite Borges, Carla Rodrigues Duarte e Sonia
Bernardes.
No manifesto, os intelectuais reclamam, entre outros pontos, de uma
suposta falta de posicionamento da legenda em relação aos principais
temas políticos e sociais do país, entre os quais várias propostas do
governo Michel Temer, como a definição de um teto para gastos do governo
federal, além das reformas da Previdência Social e da CLT.
"Depois de um ano de existência legal e três anos de construção
partidária, a REDE não se posicionou sobre qualquer das grandes questões
nacionais – sequer foi capaz de formular uma crítica fundamentada ao
governo Temer. Quando esboçou alguma posição, ou proclamou platitudes,
ou decepcionou, afastando-se dos compromissos assumidos em sua
fundação", escreveram os agora ex-militantes da Rede.
De acordo com os sete intelectuais, a sigla é dependente da figura
política de Marina e das decisões da ex-senadora e ex-ministra. Apesar
de elogiarem a trajetória, a honestidade e a integridade de propósitos
da líder da Rede, eles criticam a indefinição e a "ambiguidade" de
Marina e da direção da legenda sobre assuntos da pauta nacional.
Os ex-militantes dispararam duras críticas contra a ex-senadora e
contra os dirigentes da sigla por conta da decisão partidária de apoiar o
impeachment de Dilma. Eles reclamaram que o partido tomou a posição sem
ouvir a base da Rede.
Apesar da decisão da cúpula partidária, parlamentares da Rede como o
senador Randolfe Rodrigues (AP) e o deputado Alessandro Molon (RJ) se
posicionaram no Congresso Nacional contra o afastamento da petista do
comando da Presidência.
"Subsidiariamente, ao se posicionar em favor do impeachment, a REDE
minou sua interlocução com o campo no qual nasceram seus ideais, ao
menos aqueles expressos em sua carta de fundação", diz um dos trechos da
carta.
Os intelectuais que desembarcaram do partido de Marina Silva
também se queixaram de coligações feitas pela legenda nas eleições
municipais deste ano, entre as quais a decisão de apoiar o candidato do
PMDB à prefeitura de Porto Alegre, Sebastião Melo, em vez de fazer uma
aliança com a ex-deputada Luciana Genro, do PSOL.
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