Como outros telejornais, o “Jornal Nacional” deu destaque nesta semana à resolução da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) que proibiu três medicamentos emagrecedores que possuíam anfetamina. A diferença, na cobertura da Globo, foi trazer uma (meia) informação a mais: a alta procura por remédios emagrecedores estava causando problemas aos diabéticos. Tratava-se do caso específico do Victozia. Vendido sem receita e utilizado para controle da diabetes, o Victozia começou a ser muito procurado como emagrecedor, fazendo com que o remédio sumisse do mercado.
O telejornal da Globo entrevistou um diabético que não conseguia o medicamento e relatou que, nas drogarias, há listas de espera que chegam a mais de 100 pessoas. Até aí, uma reportagem correta, que presta serviço para o público. Se não fosse um detalhe: faltou ao JN explicar por que houve esse aumento repentino na procura pelo Victozia… Não é preciso muito esforço para lembrar a capa da revista “Veja”, de um mês atrás, que trazia o anúncio: “Parece milagre! Novo remédio faz emagrecer 7 a 12 quilos e, cinco meses. E sem grandes efeitos colaterais.”. Era o tal do Victozia.
A reportagem da “Veja”, com ares de anúncio publicitário, parece ter sido o motivo para essa corrida às farmácias, prejudicando os diabéticos. Vale lembrar: o medicamento, no Brasil, é liberado apenas para o tratamento de diabetes, e não para uso como inibidor de apetite.
Na época, a reportagem de “Veja” causou polêmica. A Anvisa divulgou uma nota, na qual reiterava que o remédio deveria ser utilizado apenas para o tratamento de diabetes: “o uso do produto para qualquer outra finalidade que não seja como anti-diabético caracteriza elevado risco sanitário para a saúde da população”. E, apesar da revista afirmar que não haveria grandes efeitos colaterais, a Anvisa adverte que por ser um remédio novo ainda está sob observação e que até agora já se constataram efeitos colaterais como “hipoglicemia, dores de cabeça, náusea e diarréia. Além destes eventos destacam-se outros riscos, tais como: pancreatite, desidratação e alteração da função renal e distúrbios da tireóide, como nódulos e casos de urticária”. Coisa pouca, na visão da Veja.
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