Depois de ver a neta de 10 anos ter a boca ferida ao ingerir o achocolatado Toddynho, Thomaz Castro, 62, estuda entrar na Justiça por uma indenização. O caso é um dos 32 já notificados em Porto Alegre e região metropolitana da capital do Rio Grande do Sul.
Em entrevista a “Folha de S.Paulo” desta quinta-feira (6), a fabricante do produto, a PepsiCo, admitiu que um lote do produto saiu da fábrica na Grande São Paulo com detergente no lugar de achocolatado .
“Acho cabível entrar na Justiça. Após o ocorrido, alguns advogados me procuraram sugerindo que eu entrasse nas pequenas causas”, afirmou o comerciante.
Dono de um pequeno mercado na zona sul de Porto Alegre, Castro descobriu que havia comprado parte do lote contaminado quando sua neta tomou o produto, no dia 29 de setembro. “Ela me pediu um Toddynho e eu dei. Não passaram 10 segundos, ela voltou gritando e dizendo que a boca estava queimada”, lembra.
Depois de socorrer a neta, que chegou a ser levada ao hospital, Castro verificou que, das nove embalagens de 200 mililitros que tinha para a venda, três estavam contaminadas. “Em vez do achocolatado, tinha um líquido, parecido com água, que queimava. Queimei a língua quando experimentei.”
Castro acredita ter sido o primeiro a relatar o problema às autoridades. No mesmo dia em que alertou a secretaria da Saúde de Porto Alegre, representantes da PepsiCo o visitaram para colher amostras do material.
"A máquina produziu um pequeno lote que não tinha Toddynho. Era uma solução que nós usamos para lavar a máquina: água e uma concentração de detergentes de 2%", disse Vladmir Maganhoto, diretor da unidade de negócios Toddynho da PepsiCo, à Folha.
Na manhã desta quinta-feira (6), o Centro Estadual da Vigilância em Saúde do Rio Grande do Sul informou que foram examinadas 23 amostras do produto no Estado, e que um lote teve confirmado um pH impróprio para o consumo humano. A interdição cautelar de todos os lotes do produto no RS está mantida.
Segundo dados atualizados da Vigilância Sanitária, 32 ocorrências suspeitas de intoxicação desse tipo já foram notificadas em doze municípios gaúchos. A maioria dos casos (dez) foi registrada em Porto Alegre.
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