Até o final deste ano, os namorados Maria Nilza Ramos e José Brito Alves vão se casar. Ela, com 83 anos. Ele, com 84. O casal, que está junto desde 2007, é prova de que o amor e a sexualidade não têm idade. Principalmente entre as mulheres. É o que aponta o estudo satisfação e função sexual em mulheres idosas participantes de grupos de convivência, desenvolvido na pós-graduação em Saúde Coletiva da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). A dissertação mostra que 69% das idosas entrevistadas declararam que sentiam desejo sexual. Mas a vontade não significa que elas estão transando mais. Apenas 33% das ouvidas afirmaram ter tido relações sexuais nos últimos seis meses anteriores à pesquisa.
Participaram do levantamento 276 idosas de 15 grupos de convivência da Região Metropolitana do Recife (RMR), de 60 a 91 anos. Segundo o autor da dissertação, Mário Roberto Agostinho da Silva, as idosas deixam o ato sexual de lado por vários fatores. Alguns relacionados diretamente com o parceiro como a ausência de preliminares, câncer de próstata, disfunção erétil, alcoolismo, relacionamento extraconjugal e violência física ou psicológica.
Outras disseram que a educação e a religiosidade também influenciavamna hora de abrirmão do sexo. A masturbação foi praticada pela maioria das idosas viúvas, 52%. Das 27 entrevistadas que relataram se masturbar, três disseram que se sentiam culpadas por estar "pecando". "Embora o desejo acompanhe a mulher durante a vida toda, a maioria não deixa de fazer sexo ou diminui a frequência por causa da idade. Elas fazem isso por causa de uma série de fatores. Os anos não interferem na sexualidade", disse Mário Roberto, que também é psicólogo e coordenador do Núcleo de Atenção ao Idoso (NAI) da UFPE.
E a sexualidade não significa apenas o ato sexual em si mas tudo o que envolve a energia sexual, como o prazer de se arrumar em frente ao espelho antes de sair de casa. Isso o casal Nilza e Brito tem de sobra. "Às vezes, esquecemos até que somos idosos. Trocamos afagos sem nenhuma restrição. É gostoso, viu?", comenta seu Brito, o mais extrovertido. Já a pensionista Stela Lopes, de 81 anos, admite que o desejo sexual independe da idade. Mas ela prefere vivenciá-lo de outras formas. "O sexo faz falta, claro. Sou saudável mas prefiro minha liberdade a estar com outra pessoa. Até porque acho que casamento é para sempre", afirmou a idosa, viúva há 18 anos. A vida agitada e as atividades do grupo de teatro do qual participa a ajudam na tarefa de sublimar as próprias vontades.
Esse trabalho deveria ser realizado em varios espaços ajudando a sociedade e os proprios idosos a lidar melhor com sua sexualidade.
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