Pressão alta(iStockphoto/Getty Images)
120 x 80, ou 12 por 8, como costumamos
ouvir dos médicos. É medida dada em milímetros de mercúrio. O primeiro
número anuncia a pressão com que o sangue é bombeado do coração para o
resto do corpo. O segundo indica a pressão no caminho inverso. Um marca a
pressão sistólica; o outro, a diastólica. O 120 x 80 foi anunciado
recentemente pelos prestigiosos Institutos Nacionais de Saúde (NIH, na
sigla em inglês) como a taxa ideal, e a partir de agora irrecorrível, da
pressão arterial adequada ao bom funcionamento do organismo. É um
número mágico, o santo graal tão buscado. Até agora, a maioria dos
médicos lidava com uma margem de diferença maior – taxas de até 140 x 90
eram perfeitamente aceitáveis. Não mais. Diz o cardiologista Roberto
Kalil, diretor da divisão de cardiologia clínica do Incor e do Centro de
Cardiologia do Hospital Sírio-Libanês de São Paulo: “A mudança de
parâmetro surtirá um impacto brutal na saúde da população”. A manutenção
da pressão a 120 x 80, e não a 140 x 90, pode reduzir em 30% a
incidência de infartos e derrames e em 25% o risco de morte em razão
dessas doenças.
O novo padrão definitivo de normalidade
foi alcançado depois de seis anos de avaliações médicas que envolveram
um pelotão de 9 300 homens e mulheres com mais de 50 anos nos Estados
Unidos e Porto Rico. O estudo dividiu os voluntários em dois grupos,
ambos com pressão arterial acima de 140 x 90. Um deles foi tratado com
medicamentos, de forma a baixar os índices para 120 x 80 ou menos. O
outro deveria reduzi-los para 140 x 90. Em ambos, mediu-se a incidência
de problemas associados à hipertensão, como infarto, derrame e doenças
renais. As conclusões do levantamento eram aguardadas para 2017. A
certeza dos pesquisadores antecipou a divulgação dos principais
resultados. “É a maior mudança de paradigma nessa área depois da chegada
dos anti-hipertensivos de última geração, há uma década”, diz Marcus
Bolívar Malachias, presidente eleito da Sociedade Brasileira de
Cardiologia.
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