A Justiça Federal do Rio de Janeiro pode obrigar o Instituto Nacional
do Seguro Social (INSS) a fazer perícias médicas no prazo de até 15
dias, a partir da data do agendamento. Essa e outras medidas para
melhorar o atendimento das perícias foram determinadas em pedido liminar
na ação civil pública que o Ministério Público Federal (MPF) no Rio de
Janeiro moveu contra o INSS no fim do ano passado em razão da greve dos
peritos.
A subprocuradora da República, Darcy Vitobello, coordenadora do Grupo
de Trabalho Previdência e Assistência Social da Procuradoria Federal
dos Direitos do Cidadão, explicou que a greve só agravou um problema de
falta de peritos e “filas de espera enormes” que chegam a 180 dias em
alguns lugares do país. “O que nós concluímos é que o modelo que existe,
onde tudo depende do perito, não funciona mais e não conseguimos
resolver esse problema”, explicou.
Segundo Vitobello, o Ministério Público está trabalhando com várias
hipóteses alternativas. Uma delas é que as licenças para períodos curtos
sejam dadas com base na licença do médico assistente. “Afastamento de
até 15 dias é de responsabilidade da empresa, um dia a mais o
trabalhador já tem que fazer perícia. Isso não faz sentido, já que todo
mundo passa por médico assistente, do SUS ou particular”, explicou.
Duas questões precisam ser definidas, para a subprocuradora: se pode
haver dispensa de perícia em alguns casos e, no caso de haver perícia,
se ela pode ser feita por outro médico que não o perito.
A prorrogação automática do benefício, caso o segurado não consiga
fazer a perícia no prazo, também é uma alternativa para Vitobello. Ela
conta sobre um projeto-piloto feito pelo INSS em Aracajú, onde a
prorrogação da perícia é feita com base no atestado do médico do
segurado.
Para a subprocuradora, entretanto, o trabalho do perito é
indispensável, pois ele pode verificar diferenças entre doença e
incapacidade, por exemplo. “O cidadão tende a achar que doença é
incapacidade. Mas se a pessoa tem um problema na coluna e atua em um
setor intelectual, às vezes não precisa deixar de trabalhar, diferente
de determinadas atividades, como motorista de ônibus, por exemplo”,
disse.
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