terça-feira, setembro 27, 2022

Bolsonaro vê crescer a rejeição e com sinais de ter batido no teto.

O Ipec divulgado ontem trouxe mais uma boa notícia para Lula: Ele ficou mais perto de ganhar no primeiro turno, com 48% dos votos e 52% dos votos válidos. Já Bolsonaro está há quatro semanas parado em 31%. Isso torna mais dramáticos os próximos dias e o grande evento da semana, o debate da TV Globo na quinta-feira. Nunca houve uma eleição como esta, na qual o incumbente disputa a reeleição com tamanha desvantagem. Bolsonaro corre o risco de quebrar dois ineditismos, pode ser o primeiro presidente que perde a disputa à reeleição e ainda no primeiro turno. Qualquer erro de uma das duas campanhas muda o cenário atual. O momento é de extrema tensão nos comitês eleitorais de Lula e Bolsonaro.

O terceiro nas intenções de votos, Ciro Gomes, que ontem fez seu manifesto à Nação para dizer que fica na disputa, está em situação dramática em seu próprio território e sobre isso ele não pode acusar ninguém, a não ser a si mesmo. No Ceará, ele ganhou em 2018 com 40% dos votos válidos, Haddad ficou em segundo lugar com 33%, e Bolsonaro, com 21%. Na pesquisa do Ipec divulgada na semana passada, Lula está com 63% das intenções de voto no Ceará, Bolsonaro, com 18%, e Ciro, com 10%. Seria mais útil para Ciro entender o que o faz perder em seu reduto e ter um desempenho tão abaixo de quatro anos atrás, em vez de acusar os que pedem voto útil. Pedir voto é da natureza do processo democrático, é o que os candidatos fazem. Inclusive ele. 

As eleições no Brasil sempre tiveram um grande descolamento entre os níveis federal e estadual, mas desta vez tem provocado momentos até pitorescos. O candidato Silvio Mendes (União Brasil) lidera as intenções de voto para o governo do Piauí com o apoio do ministro da Casa Civil de Bolsonaro, Ciro Nogueira (PP), e até do presidente, já que o candidato do PL amarga um terceiro lugar, atrás do PT. Em entrevista recente, Silvio Mendes disse que nada tem contra Lula, na verdade, tem até muito a agradecer a ele pelos projetos que o petista apoiou quando ele era prefeito de Teresina. Essa “gratidão” tem uma explicação estatística. No Piauí, Lula está com 61% das intenções de votos, e Bolsonaro, com 20%.

Segundo levantamento recente do G1, baseado nas pesquisas Ipec até a sexta-feira da semana passada, Lula lidera as pesquisas em 14 estados, e está empatado, mas numericamente na frente, em outros quatro estados. Bolsonaro lidera em sete estados e empata numericamente na frente em um estado. No Mato Grosso do Sul, as pesquisas estão suspensas por ordem judicial.

Nas disputas estaduais há uma grande dispersão de partidos na liderança. O União Brasil é líder nas pesquisas em seis estados, e o PT, que é o favorito na eleição presidencial, lidera em apenas três estados, Ceará, Rio Grande do Norte e São Paulo. O PL de Bolsonaro está na frente no Rio de Janeiro e pode ficar na frente em Sergipe se vencer uma disputa judicial. Nos outros estados, lideram partidos sem competitividade na disputa nacional: MDB tem quatro, Solidariedade está na frente em dois, PP, dois, PSB também dois. Estão na liderança em um estado o PSD, o Republicanos, o Novo, o PSDB. Em Santa Catarina há empate entre PL e Republicanos.

O presidente eleito precisará unir a federação por cima das divisões partidárias, até para superar essa pulverização. Bolsonaro, neste mandato, entrou em conflito com governadores e desprezou os estados que não estavam com ele, como fez quando falou nos “governadores Paraíba”, ao se referir aos nordestinos. Alias, em todos esses estados do Nordeste, Lula tem uma larga vantagem e Bolsonaro come poeira.

Um dado que chama atenção é a enorme distância entre os dois gêneros: Lula lidera com 25 pontos entre as mulheres, muito acima dos oito ponto de vantagem que tem entre os homens. Entre os que recebem Auxílio Brasil está um dos fatos mais positivos nesta eleição. Eles não se deixaram enganar pelo aumento do benefício concedido pelo governo Bolsonaro por motivos eleitoreiros e com data para acabar. Em todas as pesquisas, o recorte dos que recebem o Auxílio, ou têm alguém que recebe na família, tem alta rejeição a Bolsonaro e alta intenção de votos em Lula. Isso mostra a maturidade do voto e desestimula futuros governantes a tentarem o golpe do benefício dado na última hora. Bolsonaro desrespeitou legislação eleitoral, mas o crime até agora não compensou.

Esta eleição será com emoção até o final. Os candidatos parecem estabilizados nas mesmas posições há meses, mas dentro dos recortes de renda, gênero, região, religião, tudo acontece. Via G1.

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