O presidente começou a terça-feira com um bate-volta no Nordeste. Participou de motociata, visitou um “bodódromo” e montou no lombo de um touro. Um adesivo com seu número foi colado nos chifres do pobre animal.
De manhã, o capitão se disse “mais nordestino que os nordestinos”. Faltou combinar com os eleitores. De acordo com o Ipec, o pernambucano Lula lidera a disputa na região com 39 pontos de vantagem.
À noite, Bolsonaro foi às redes para atacar Moraes. Reclamou da quebra do sigilo do assessor que paga despesas da primeira-dama e fez um desafio público ao ministro: “Você um dia vai dar uma canetada e me prender?”.
Ele ainda voltou a insinuar que existiria uma conspiração para tirá-lo do poder. O complô envolveria a atuação de estados e municípios na pandemia, a Justiça Eleitoral e as pesquisas de intenção de voto, nas quais o presidente finge não acreditar.
Quem lê os números constata que a reeleição de Bolsonaro está cada vez mais distante. Segundo o Ipec, 47% dos eleitores consideram seu governo ruim ou péssimo, e 51% dizem não votar nele de jeito nenhum. O índice é considerado proibitivo para qualquer político que dispute um segundo mandato.
A rejeição ao presidente chega a 55% entre as mulheres. É uma resposta direta ao desdém pelas vítimas da pandemia, à exaltação das armas e às declarações machistas repetidas desde o início do mandato. Ao insistir em se dizer “imbrochável”, ele prova que é incapaz de entender o recado das eleitoras.
O capitão também tem fracassado em furar o bloqueio dos mais pobres. Na faixa de renda familiar de até um salário mínimo, sua rejeição atinge os 58%. O dado mostra que os eleitores não se deixam enganar por benefícios turbinados em véspera de eleição.
Ao esbravejar contra tudo e contra todos, Bolsonaro tenta apontar culpados para seus próprios defeitos. Mas o diagnóstico da pesquisa é claro: seu maior inimigo é ele mesmo.
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