E se, antes, a doença era mais abrangente, apresentando risco de agravamento para a população em geral — diante do alto índice de infecções que aumentavam exponencialmente as mortes —, hoje os óbitos concentram-se em grupos específicos: as pessoas com idade acima de 60 anos, os pacientes com doenças crônicas ou imunossuprimidos, e os que não concluíram o esquema vacinal.
De acordo com levantamento realizado a pedido do GLOBO pelo Info Tracker, grupo que reúne pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e da Universidade de São Paulo (USP) para monitoramento da Covid-19, nove em cada dez pessoas que morreram entre março e setembro pelo vírus não tinham tomado, neste ano, a terceira dose de alguma das vacinas disponíveis no Brasil. A mesma análise estende a lupa sobre as pessoas com comorbidades. Essas correspondem a 79,46% das mortes por infecções por coronavírus nos mesmos seis meses. A idade superior a 60 anos era uma característica presente em 83% das vítimas letais por Covid-19, de acordo com o mesmo estudo.
—Os dados mostram a importância de manter o esquema vacinal atualizado. A pesquisa também indica que precisaremos imunizar as pessoas periodicamente — diz o professor Wallace Casaca, um dos coordenadores do grupo Info Tracker. — A pandemia voltou a apresentar uma característica detectada em seu surgimento: a centralização da letalidade em grupos específicos.
Bruno Scarpellini, médico infectologista e professor da PUC-Rio explica que, atualmente, com a circulação da variante Ômicron e suas correlatas, o esquema basal para proteção do coronavírus se dá com três doses — ou duas, quando iniciado com a vacina da Janssen.
— Há coisas que não podemos mudar nos fatores de risco para a Covid-19, a idade é um deles. Mas o paciente pode, sim, buscar a vacinação e manter doenças crônicas controladas, o que colabora com o quadro de saúde diante do coronavírus— diz o especialista.
Nenhum comentário:
Postar um comentário