E-mails delatados por Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, obtidos pela CPMI do 8 de janeiro mostram que, em pelo menos quatro ocasiões, o ex-presidente teve encontros secretos com três ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
As informações, obtidas pelo Estadão, revelam encontros que não apareciam na agenda oficial do então presidente. Quem marcava as reuniões era Cid.
Os documentos mostram que três ministros da Suprema Corte foram convidados para essas reuniões, fora da agenda oficial do presidente: Kassio Nunes Marques e André Mendonça, ambos indicados por Bolsonaro à Suprema Corte, e o decano Gilmar Mendes.
Segundo o Estadão, no dia 11 de maio de 2022, um dos encontros secretos reuniu o ministro Nunes Marques, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), o ex-presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Humberto Martins e o ex-secretário de Justiça José Vicente Santini. O teor da reunião não foi citado no e-mail de Cid, mas, no dia anterior, o Bolsonaro havia sofrido uma derrota no STF, que incorporou o inquérito das milícias digitais ao que investiga o ex-presidente por ataques às urnas eletrônicas.
Segundo os registros de Cid, em fevereiro de 2022 Gilmar Mendes foi convidado para um reunião no Palácio do Planalto. O assunto também não estava no corpo do e-mail, mas Bolsonaro havia recebido um recado do novo comando do Tribunal Superior Eleitoral (TSE): não seriam tolerados ataques às urnas eletrônicas.
Para o Estadão, o ministro confirmou que teve reuniões com o ex-presidente, mas disse não se lembrar de nenhuma ocorrida em fevereiro do ano passado. “Estive com ele em alguns momentos de crise”, disse Mendes ao jornal.
O terceiro encontro foi com o ministro André Mendonça, em julho de 2022, um dia depois de a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) endossar a carta pró-democracia organizada pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). O ex-presidente acusava os documentos de serem manifestos políticos.
Em junho, Bolsonaro voltou a se encontrar com Nunes Marques em reunião que não estava na agenda oficial. Naquela época, o ex-presidente estava em crise com o STF por conta do decreto de perdão ao ex-deputado federal Daniel Silveira. Ao Estadão, o ministro da Suprema Corte disse que “se recorda de uma visita de cortesia ao presidente da República no período mencionado, num fim de semana, fora do horário do expediente”.
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