Se há vinte anos os registros de câncer
de boca e garganta eram quase que exclusivamente entre pessoas acima dos
50 anos. Atualmente, um dado chama a atenção dos oncologistas: cada vez
mais jovens – adultos até 40 anos – têm apresentados tumores malignos
nessas partes do corpo. “A média etária de pessoas com câncer nessas
áreas tem caído. Hoje em dia, atinge cerca de 30 a 40% de pessoas que
não são tabagistas nem etilistas, e são mais jovens”, afirma o
oncologista Luiz Paulo Kowalski, Diretor do Núcleo de Cabeça e Pescoço
do Hospital A. C. Camargo.
De acordo com dados do Instituto
Nacional do Câncer (Inca), os cânceres de cavidade oral e orofaríngeo
estão entre os dez tipos de maior incidência em homens brasileiros. E,
mesmo que o cigarro e o álcool ainda sejam suas principais causas, eles
costumam exigir uma exposição prolongada para o desenvolvimento de um
tumor – entre 15 e 30 anos de consumo. Por isso, um outro fator de risco
tem sido considerado pelos pesquisadores: o papiloma vírus,
popularmente conhecido como HPV, que tem a capacidade de desenvolver um
câncer em menos tempo.
“Com a queda do consumo do tabaco,
esperávamos diminuir a incidência e a mortalidade do câncer, mas houve
uma mudança de perfil. Está caindo o número de cânceres relacionados ao
tabaco, devido às campanhas de controle, mas estão aumentando os casos
relacionados ao HPV.” Pesquisadores apontam que, até 2030, o número de
casos relacionados ao vírus deve superar os casos ligados ao tabaco nos
Estados Unidos.
Um estudo atual, feito com orientação da
bióloga e geneticista do A.C. Camargo e da Universidade Estadual
Paulista (Unesp), Sílvia Regina Rogatto, aponta que em casos de câncer
de amídala a incidência do HPV cresceu de 25%, registrados há 20 anos,
para 80%.
Em uma outra pesquisa, comandada por
Kowalski, os médicos detectaram que 32% dos casos de câncer de boca em
jovens adultos eram em portadores do vírus. Em pacientes acima de 50
anos, a presença do vírus foi detectada em apenas 8%.
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