A Polícia Civil do Ceará prendeu nesta terça-feira (28) um homem acusado de manter --por ordem do pai-- a irmã em cárcere privado por 16 anos. A mulher de 36 anos foi libertada no dia 9 de março e está sob tutela de uma família, recuperando-se do trauma.
Segundo Harley Filho, delegado regional de Itapipoca, o caso ocorreu em Uruburetama (a 114 km de Fortaleza) e a mulher foi mantida todo esse tempo em um cômodo de 3x3 metros, sem iluminação e ventilação precária.
"Recebemos uma denúncia anônima no dia 8 de março, de que havia uma mulher em cárcere privado há seis anos. Fizemos levantamentos e, no dia seguinte, identificamos a casa onde ela estava", conta.
Para chegar até o local, foi necessário arrombar quatro cadeados. A casa estava em um terreno com outras duas pequenas casas. Havia proteção de portas e portões. "Quando chegamos, ela estava despida e cheia de fezes, e a única atitude dela foi abrir os braços, como que pedindo socorro", afirmou.
O delegado disse que, quando houve o resgate, a mulher não conseguiu falar nem escrever e apresentava sinais de desnutrição. Por conta disso, não há detalhes sobre as condições em que ela vivia. "Tem uma família que a acolheu e, aos poucos, ela já está falando. Estamos esperando que ela se restabeleça para entrevistar", afirmou.
Gravidez não aceita
Em depoimento, o irmão suspeito do crime explicou ao delegado o que teria motivado o crime. "Ela tinha uma vida normal, teve um relacionamento e, depois do término da relação, teria apresentado distúrbios mentais, teve outra relação e engravidou. Os familiares não aceitaram e para evitar outras gestações, a mantiveram no cárcere", afirmou o parente, segundo o delegado.
O irmão da vítima detido é João de Almeida Braga, 48. Ele contou que a mulher foi mantida em cárcere desde a gestação e, ao nascer, o filho foi entregue para adoção.
Segundo o delegado, o irmão assumiu o cárcere após o pai perder as condições físicas. A mãe da mulher nunca teria admitido o cárcere, mas nunca denunciou o caso. "Ela tem um péssimo convívio com o marido, ficou debilitada e adoeceu junto com a filha", diz, citando que a ordem foi do pai, que também está debilitado e não foi preso.
João Braga ainda não tem defensor público no caso. A pena para o crime é de dois a oito anos, se não houver agravantes.
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