As provas de matemática e ciências da natureza do Exame Nacional do
Ensino Médio (Enem) 2017, realizadas hoje (12) foram consideradas menos
interpretativas e com mais cobrança de conteúdo. Por tradição, mesmo na
prova de exatas, o exame costumava incluir muitas questões
interpretativas e com relação direta com o cotidiano. Na avaliação do
professor de biologia Rubens Oda, do curso online Descomplica, a maior
dificuldade que os candidatos enfrentaram na prova de hoje foi a
presença de conteúdos esperados, mas cobrados com maior nível de
detalhamento.
Ele cita como exemplo uma questão de genética que
abordou um detalhe específico sobre o processo de espiralização do
cromossomo X. Segundo o professor, isso é algo pouco conhecido dos
estudantes do ensino médio. “Era esperado que cair alguma coisa de
genética, mas não no grau de profundidade e detalhamento que foi
cobrado”, diz.
Na avaliação do professor, um bom desempenho na
prova de hoje dependeu muito mais da preparação do que da concentração
do estudante. “O que acontece é que o Enem, historicamente, é uma prova
que pesava bastante na interpretação, na busca de avaliar competências e
habilidades. O que ocorreu neste ano, com os conteúdos que foram
cobrados em ciências da natureza, parece que volta a cobrar conteúdos
que eram mais pertinentes ao antigo modelo de vestibulares. Ou seja, a
prova está deixando de ser um teste que busca a cobrança de competências
e habilidades e está voltando a ser mais conteudista”, avaliou.
Segundo
ele, houve questões interpretativas, como as que tratam de análise de
gráficos. Mas o peso dado aos itens com mais foco no próprio conteúdo
foi maior do que em edições anteriores. Para ele, essa mudança é
considerada um retrocesso na avaliação. “Acho um retrocesso.
Principalmente no momento em que se discute o novo ensino médio, a nova
Base Nacional Comum Curricular, a gente voltar a pensar em uma avaliação
de conteúdos e não de habilidades e competências é um retrocesso. Ainda
mais se levarmos em conta um país continental como o Brasil, que tem
realidades educacionais muito diferentes nos seus estados”, disse.
O
diretor de Ensino do Anglo, Paulo Moraes, considerou que o nível do
Enem 2017 subiu em relação ao ano passado e que, apesar de exigir mais
conhecimento do conteúdo, a prova não chega a ser “conteudista”.
“Prova
boa, bem feita. Bem técnica, em biologia e ciências da natureza. O
candidato, assim como na semana passada, tem que saber conteúdo . Não é
um aprova conteudista, mas precisa saber o contudo para responder. Não é
contudo de rodapé de livro, sem importância, com decorebas”, disse.
Para
Moraes, não houve “ruptura” em relação ao padrão da prova da semana
passada. “Assim como no domingo anterior eles exigiram conteúdo, mas
também as habilidades e não o conteúdo pelo conteúdo”.
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