O impacto da crise econômica e da alta do desemprego nos últimos anos
foi maior entre a população negra. De 2015 para 2016, a taxa de
desocupação entre os negros na Região Metropolitana de São Paulo
aumentou de 14,9% para 19,4%, enquanto a dos não negros subiu de 12,0%
para 15,2%.
Assim, a diferença entre os dois grupos, que era de
2,9 pontos porcentuais, em apenas um ano cresceu para 4,2. As conclusões
se baseiam em dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego na Região
Metropolitana de São Paulo (PED-RMSP), do Dieese.
O estudo
reafirma também a desvantagem salarial dos trabalhadores negros. Em
geral, eles recebem apenas 67,8% do que ganham os brancos. Ou seja, a
média salarial dos não negros é quase 50% maior. Uma das razões dessa
diferença é a maior presença de brancos nas funções de melhor
remuneração.
A pesquisa mostra que há uma inserção mais intensa
dos negros em segmentos onde tradicionalmente os salários são mais
baixos (como construção, trabalho autônomo e doméstico) e, menor,
naqueles onde os rendimentos são maiores, como indústria, alguns ramos
dos serviços, setor público e profissionais universitários autônomos,
entre outros.
Nível de escolaridade
O
padrão de escolaridade explica esse aspecto. Em 2016, o tempo médio de
estudo da população a partir dos 25 anos de idade era de 10,2 anos, mas a
média dos negros (9,2 anos) era quase dois anos mais curta que a dos
não negros (10,8). Essa diferença se ampliava consideravelmente quando
considerados os profissionais com curso superior. Enquanto apenas 10,6%
dos negros completaram a faculdade, entre os não negros o índice era de
25,6%.
Essa defasagem explica a baixa participação de negros em
cargos de chefia e mostra dois obstáculos a enfrentar: o de chegar ao
ensino superior e, quando isso ocorre, o de crescer na carreira.
De
qualquer forma, segundo a análise do Dieese, as diferenças já foram
maiores e têm caído com o aumento do padrão de escolaridade do conjunto
da população. Essa melhoria é percebida com maior vigor entre os negros,
cujo tempo médio de estudo aumentou em três anos de 2000 a 2016,
enquanto entre os não negros a alta foi de 1,7 ano.
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