Os médicos cubanos, inscritos na primeira etapa do programa Mais
Médicos do Ministério da Saúde, chegaram a 11 cidades do Interior do
Ceará levando consultas de atenção básica à população de áreas isoladas
na zona rural. Em menos de 15 dias, os profissionais conquistaram a
confiança e o reconhecimento dos moradores que vivem em localidades onde
nunca havia atendimento médico ambulatorial regular.
Um exemplo vem da localidade de Calabaço na zona rural de Acopiara.
Localizada no alto sertão cearense, entre os municípios de Quixelô e
Solonópole, a comunidade, desde segunda-feira passada, dispõe dos
serviços do médico Ivan Rodriguez, originário da província de San Tiago
de Cuba.
Dedicado, atencioso e com 20 anos de experiência em atenção básica de
saúde em Cuba e na Venezuela, Ivan Rodriguez recebe avaliação positiva
dos moradores. “Aqui nunca veio um médico e construíram esse posto há
cinco anos, mas só tinha profissional de Enfermagem”, disse o agricultor
Valdemar Felipe de Souza.
A Unidade Básica de Saúde (UBS) da localidade de Calabaço, distante
75km da sede de Acopiara, apresenta boa estrutura e passa por adaptações
com investimentos de R$ 34 mil do Ministério da Saúde. Os consultórios
dispõem de aparelhos de ar condicionado, há salas de imunização, para
exames ginecológicos, farmácia, cantina, área de serviço e sanitários.
Em média, nesta primeira semana de trabalho, o médico Ivan Rodriguez
atendeu 20 pacientes por dia. “É a demanda espontânea”, conforme ele
mesmo frisou. “Depois vamos fazer reuniões e palestras sobre educação em
saúde”.
A UBS de Calabaço possui área de abrangência de 500 famílias de oito
localidades rurais, que têm por característica casas isoladas e terras
áridas. O tempo seco e quente nessa época do ano despertou a atenção de
Ivan Rodriguez. “A gente estuda sobre a cultura, a geografia e a
história do Brasil, mas vê de perto assim essa vegetação seca é bem
diferente”, disse. “O calor está muito intenso”.
Os médicos cubanos cumprem carga horária de 40 horas semanais. Isto é,
são oito horas diárias. Esse fato surpreende os moradores. Os médicos
brasileiros que atendem em postos do Programa Saúde da Família não
passam mais do que uma hora e meia. Outro aspecto diferencial é o tempo
de consulta. “É bem mais demorada”, observa a enfermeira, Thaís Araújo
de Souza. “Ele pergunta muito, no intuito de conhecer a história do
paciente”, afirmou.
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