segunda-feira, maio 05, 2014

Uruguai torna-se nesta segunda (5) o primeiro mercado legal de maconha no mundo.

O presidente uruguaio, José Mujica, assina hoje a regulamentação que cria o primeiro mercado de maconha legal do mundo. Mais de duas semanas depois do prazo, após 60 reuniões entre sete ministérios e quase cinco meses após ser aprovada pelo Parlamento, a lei que permite aos uruguaios o consumo de 40 gramas de maconha por mês entra em vigor amanhã.

Além de regulamentar o consumo, a lei cria clubes canábicos e permite o cultivo de até seis plantas em casa. Em 15 dias, o governo Mujica abrirá concurso público para a concessão de duas a seis licenças para a produção de maconha para a venda em farmácias.

Segundo anúncio oficial, bastarão 10 hectares para a produção de 18 a 22 toneladas de maconha, quantidade suficiente para o mercado local. Um grama da droga custará entre 20 e 22 pesos uruguaios (em torno de R$ 2). “Queremos dar um golpe no narcotráfico, tirando dele parte do mercado. Nenhum vício é bom, o único que sugiro aos jovens é o amor”, disse Mujica, no sábado, após o governo apresentar detalhes da lei.

Uruguaios maiores de 18 anos – cidadãos ou naturais – ou residentes permanentes deverão se registrar em uma das categorias do Instituto de Regulação e Controle da Cannabis (Irca): como consumidores, cultivadores autônomos (até seis plantas e produção de 480 gramas por ano) ou sócios de um clube canábico (até 99 plantas ao todo, entre 15 e 45 sócios e máximo de 480 gramas por ano por sócio).

Os consumidores poderão comprar 10 gramas por semana nas farmácias. O governo plantará cinco variedades diferentes, mas clubes e cultivadores autônomos poderão ter as variedades que quiserem. O Irca será presidido, no início, por Julio Calzada, hoje secretário da Junta Nacional de Drogas.

Para proteger a identidade dos usuários o governo usará um algoritmo com base em impressão digital. O sistema funcionará assim: o consumidor irá até uma agência dos correios, com sua carteira de identidade, que não será registrada.

A maconha em farmácias poderá ter até 15% de THC, substancia psicoativa da planta, e não está sujeita a impostos. A droga será tratada como medicamento controlado, não poderá ficar à vista e terá mecanismos de rastreabilidade.

A regulamentação proíbe fumar maconha em espaços fechados, lugares de trabalho ou educativos, em áreas de saúde, no transporte público, ambulâncias ou transporte escolar. Não é permitido dirigir sob efeito da droga – em caso de suspeita, será feito teste de saliva. Eventos que estimulem o consumo estão proibidos. 

“São as mesmas condições que temos para o consumo de tabaco e é o mesmo procedimento que enviamos ao Parlamento para restringir o mercado de álcool”, explicou Cánepa.

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