O Ministério da Saúde e a Vigilância Epidemiológica do Piauí estão
concluindo a investigação do que pode ser o primeiro caso de febre do
Nilo no Brasil. Exames iniciais, feitos em outubro indicaram que um
agricultor de 52 anos, do município de Aroeiras do Itaim, no Piauí, tem o
vírus, e os órgãos de Saúde estão recolhendo material de animais, na
região, para avaliar a situação do local.
Mas, de acordo com Marcelo Adriano Vieira, neurologista do Instituto
de Doenças Tropicais Natan Portela, de Teresina, o caso ainda é
considerado provável, pois protocolos internacionais indicam que devem
ser feitos dois exames. Por isso, aguardam o resultado do segundo exame,
feito pelo Instituto Evandro Chagas, no Pará, que será divulgado na
próxima segunda-feira (8), pelo Ministério da Saúde.
Segundo Vieira, provavelmente um mosquito tenha sido infectado ao
picar algum pássaro silvestre vindo de regiões endêmicas da África ou
Ásia Ocidental. As aves migratórias, que de tempos em tempos trocam o
frio do Hemisfério Norte pelo calor do Hemisfério Sul, são o principal
reservatório do vírus identificado em Uganda, em 1937, que causa febre,
dor de cabeça e, eventualmente, até problemas neurológicos.
O especialista explica que só as aves transmitem a doença para o
mosquito, e este retransmite para pessoas, animais e outras aves. “Se o
mosquito picar outras aves, o ciclo se perpetua; se picar uma pessoa ou
equino, por exemplo, a doença para ali, porque são hospedeiros
definitivos”, segundo ele, adiantando que o vírus já foi identificado em
dois frangos.
O neurologista explica que em 75% dos casos de contaminação humana
pelo vírus da febre do Nilo, o organismo o elimina e a pessoa não sente
nenhum sintoma. Em 24% dos casos, os sintomas são semelhantes aos da
dengue (febre, dor de cabeça e no corpo). Só em 1% dos casos há
comprometimento neurológico, com perda de movimentos, mas este sintoma
pode ser revertido.
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