A avicultura caipira é a atividade que mais cresce dentre todas as
atividades da pecuária no Nordeste e o Rio Grande do Norte tem um grande
potencial para expandir este setor típico de pequenas propriedades
rurais. No início da década de 2000, poucos estados – Paraíba, Ceará,
Pernambuco e Rio Grande do Norte – desenvolviam a atividade, que
espalhou-se por todo o Nordeste, onde atualmente existe algo em torno de
1,4 milhão de aves caipiras, sendo a Paraíba um dos mais tradicionais
na atividade há 17 anos, hoje com um plantel de 250 mil aves. A
expectativa é de crescimento porque, a partir do próximo ano, empresas
da Bahia e São Paulo investirão no sistema de integração com os
produtores paraibanos.
As boas práticas da avicultura caipira na Paraíba foram apresentados
pelo consultor técnico do Sebrae-PB, médico veterinário Vicente de Assis
Ferreira, durante um seminário no Espaço Empreendedor Rural,
estruturado pelo Sebrae no Rio Grande do Norte durante a Festa do Boi,
em Parnamirim. Para o especialista, é essencial que sejam repassadas
orientações técnicas com práticas acessíveis ao entendimento do pequeno
produtor, como a vacinação, aquisição de boas linhagens, alimentação com
núcleos proteicos concentrados ou rações prontas de boa qualidade, que
podem ser encontradas facilmente no mercado local, oriundas do sul e
sudeste do País.
Típica da agricultura familiar, a atividade é desenvolvida com aves
de pequeno porte, que ocupam pouco espaço durante toda a sua criação.
Normalmente as aves ficam soltas no campo se alimentando do verde,
insetos e pastagem e depois são levadas para o galpão, onde complementa a
alimentação com núcleos proteicos. O assessor técnico da Emater-PB,
Vicente de Assis, também garante que há um grande equívoco da sociedade
consumidora em relação ao uso de hormônios na produção de frangos de
granja e agora com as aves caipiras de galpão. “Isso tornou-se uma
lenda, mas não passa de um grande equívoco do consumidor que desconhece o
processo de produção”, garante Assis.
Especialista em avicultura, Vicente de Assis admite que a avicultura
caipira é mais saudável, porque tem a alimentação verde das pastagens,
associada à alimentação proteica de produtos naturais. “Não são
utilizados antibióticos, promotores de crescimento, farináceos de origem
animal, nem tampouco sulfuramida. Por esta razão, a carne e o ovo da
nossa ave são bem mais saudáveis do que a carne do frango branco, da ave
de granja e o ovo da avicultura industrial”, justifica o médico
veterinário.
Apesar de ter boa aceitação no Nordeste, por questões culturais o
consumidor nordestino não dá o valor devido aos produtos da avicultura
caipira e, portanto, não se dispõe a pagar mais caro pelo produto.
Contudo, segundo o especialista Vicente de Assis, no Estado de São
Paulo, especificamente na cidade de Porto Feliz, o ovo caipira é
comercializado por um preço quatro vezes maior do que o de granja. Já o
frango caipira custa mais do que o dobro do quilo da carne do frango
industrial. Nas regiões Sul e Centro-Oeste, os produtos caipiras são
igualmente valorizados.
A maior parte das aves caipiras produzidas na Paraíba é
comercializada para programas governamentais do Estado e do Governo
Federal, através do Programa de Aquisição de Alimentos da (PAA) da
Conab. “Ainda estamos restritos a esses programas, mas temos grandes
propostas para a partir do próximo ano ingressar nas grandes redes de
supermercados”, avisa Assis. A produção é destinada ao consumo em
creches, hospitais públicos, presídios e outros organismos
filantrópicos, assim como na merenda escolar, através do Programa
Nacional de Aquisição de Alimentação Escolar (Penae). Via Portal no Ar.
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