A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) e o
Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo
(Apeoesp) divulgaram ONTEM (30) um manifesto contra a MP do Ensino Médio
durante evento na capital paulista, que reuniu profissionais e entidades
nacionais e estaduais, além de órgãos do magistério por webconferência.
O manifesto repudia a iniciativa do governo federal de promover, por
meio da Medida Provisória 746/2016, uma reforma no Ensino Médio sem que
houvesse debate ou consulta à sociedade. A MP reestrutura e flexibiliza o
ensino médio no país e foi anunciada pelo governo federal no dia 22.
“Não aceitamos o método autoritário utilizado pelo governo e não
concordamos com o conteúdo do projeto encaminhado ao Congresso Nacional
em regime de urgência, com a clara intenção de impedir que seja
discutido democraticamente”, diz o manifesto.
Segundo o manifesto, a reforma “esvazia e empobrece o currículo, ao
descartar a obrigatoriedade de disciplinas fundamentais para a formação
de nossos jovens, como artes, educação física, filosofia e sociologia,
além de indicar a redução do número de aulas de outras disciplinas, como
história e geografia. Também somos contrários à revogação da
obrigatoriedade do espanhol no currículo, pois estamos inseridos no
contexto da integração latino-americana”.
As entidades discordamos também implementação de tempo integral nas
escolas, porque acreditam que isso desconsidera a realidade concreta dos
estudantes do ensino médio, pois muitos deles são trabalhadores.
“Tampouco se pode falar em escolas de tempo integral se persistem
problemas básicos como a falta de infraestrutura, projetos
arquitetônicos anacrônicos [ainda centrados na lousa, giz e apagador],
jornada de trabalho estafante e mal estruturada [pois é preciso que
sejam dedicados no mínimo 33% da jornada para atividades extraclasse],
falta de condições de trabalho, carreira e salários dignos aos
profissionais da educação e tantos outros”, acrescentou o documento.
A presidenta da Apeoesp, Maria Izabel Noronha, considera a reforma,
nos moldes colocados pelo governo federal, “um ataque à profissão
docente, e um ataque à educação pública brasileira”.
“Temos claro o seguinte: de novo está aqui colocada o aprofundamento
da dualidade histórica entre as escolas para os filhos e filhas da
classe trabalhadora e as escolas para os filhos da elite, que vão sempre
poder se dar bem na vida. Essa coisa de que é comum para todos não é
verdade, é mínimo para os filhos e filhas da classe trabalhadora e
máximo para os da elite para continuarem dominando esse país”, disse
Maria Izabel.
Nenhum comentário:
Postar um comentário