Ao pedir o fatiamento da maior
investigação da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal(STF), o
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou que PT, PMDB e PP
se organizaram internamente para cometer crimes contra a administração
pública. De acordo com o chefe do Ministério Público, o esquema tinha
uma estrutura horizontal – na qual os integrantes agiam como uma
cooperativa – e outra vertical, onde eram tomadas as decisões.
Com a justificativa de facilitar as
investigações e as acusações, Janot propôs à Suprema Corte o fatiamento
em quatro partes do inquérito que apura se existiu uma organização
criminosa – composta por políticos e empresários – com objetivo de
fraudar a Petrobras.
No pedido apresentado nesta quarta-feira
(28) ao Supremo, Janot propôs investigar separadamente, em dois
inquéritos distintos, a atuação do PT e do PP, e, em outros dois
procedimentos, as suspeitas envolvendo integrantes do PMDB da Câmara e
do Senado.
O procurador lista no inquérito, ao
todo, 66 nomes como suspeitos de envolvimento no esquema de corrupção.
Deste total, seriam 30 investigados do PP, 12 do PT – entre eles o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva –, 9 do PMDB do Senado e outros
15 do PMDB daCâmara.
O chefe do MP ressaltou ao Supremo que,
embora esteja pedindo autorização para investigar separadamente núcleos
específicos do esquema de corrupção, havia uma “teia criminosa única” na
estatal do petróleo.
“Os elementos de informação que compõem o
presente inquérito modularam um desenho de um grupo criminoso
organizado único, amplo e complexo, com uma miríade de atores que se
interligam em uma estrutura com vínculos horizontais, em modelo
cooperativista, em que os integrantes agem em comunhão de esforços e
objetivos, e outra em uma estrutura mais verticalizada e hierarquizada,
com centros estratégicos, de comando, controle e de tomadas de decisões
mais relevantes”, observou Janot no pedido de fatiamento do inquérito
apresentado ao STF.
“Como destacado, alguns membros de
determinadas agremiações organizaram-se internamente, valendo-se de seus
partidos e em uma estrutura hierarquizada, para cometimento de crimes
contra a administração pública”, complementou o procurador-geral.
Para o procurador, houve uma
“verticalização” da organização criminosa. “Destarte, compulsando os
presentes autos, alguns membros de determinadas agremiações se
organizaram internamente, utilizando-se de seus partidos e em uma
estrutura hierarquizada, para perpetração de práticas espúrias. Nesse
aspecto há verticalização da organização criminosa.”
De acordo com as investigações, o PP
atuava para desviar valores da Diretoria de Abastecimento. A partir daí,
havia pagamento de propina a políticos do partido. Segundo a denúncia, o
PT atuava nos contratos da Diretoria de Serviços e o PMDB, na Diretoria
Internacional.
Janot considerou que o fatiamento vai
racionalizar os trabalhos. “Com isso, poderá ser atribuída ordenação e
organização das ações, melhor controle e percepção da realidade
criminosa, melhor avaliação das hipóteses e racionalização dos meios a
serem empregados durante os trabalhos.”
Pelo pedido, o PP continuará a ser investigado no mesmo inquérito e o PT e os dois grupos do PMDB terão novas investigações.
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