Na sessão desta quarta-feira (25) que irá analisar a admissibilidade
da denúncia contra o presidente Michel Temer e dois ministros, deputados
federais da oposição informaram que não irão registrar presença para
impedir que o quórum necessário para a sessão seja alcançado. Já a base
governista argumenta que terá quórum mínimo para abrir a sessão e votos
suficientes para rejeitar a denúncia.
O presidente e os ministros
Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da
Presidência) foram denunciados pela Procuradoria-Geral da República
(PGR) de formação de organização criminosa. Temer também é denunciado
por tentar obstruir o trabalho da Justiça no âmbito das investigações da
Operação Lava Jato.
Depois de reunião realizada na manhã de hoje
entre lideranças de diferentes partidos e representantes de movimentos
sociais, os oposicionistas informaram que entrarão em plenário somente
se a base governista conseguir o quórum mínimo para a análise da
admissibilidade da denúncia, que é de 342 deputados.
Apenas alguns líderes registrarão presença para garantir o direito de discurso na tribuna do plenário. “A
nossa estratégia é clara e tem que ser colocada em público. O governo
não tem os 342 votos necessários e nós da oposição também não chegamos
aos 342, essa é que é a verdade. Mas, podemos chegar, acreditamos que se
amanhã a sessão cair, em mais uma semana ou dez dias nós conseguiremos
criar o ambiente necessário, contaminar de forma positiva a nossa
população. Por isso, nós conclamamos a todos a mapear nas redes sociais
os deputados de seus estados e convocá-los para pensar”, disse Weverton
Rocha (PDT-MA).
A oposição aposta na pressão aos parlamentares por causa das eleições de 2018 e a rejeição
a algumas medidas tomadas pelo governo, como a portaria que altera as
regras de fiscalização do trabalho escravo e a que anistia multas
ambientais, o que favoreceria a bancada ruralista, que conta tem mais de
200 votos.
“Se o governo quer votar rápido e está fazendo
esforço para dar quórum, a nossa parte tem que ser exatamente o oposto.
Nós temos que evitar inclusive que os deputados entrem na Casa […],
porque cada dia que nós ganhamos é menos votos que ele tem”, disse a
deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ). Segundo a deputada, a oposição ainda tenta angariar 115 votos.
Para
os deputados da oposição, a decisão de hoje da ministra do STF, Rosa
Weber, que suspendeu a portaria do trabalho escravo, terá efeito na
votação de amanhã. “Isso certamente terá impacto aqui na
Casa, porque essa era uma moeda de troca do presidente da República em
busca de votos para barrar a segunda denúncia. Esse assunto, para além
do avanço civilizatório que representa de garantia dos direitos
fundamentais do país, ele certamente fragiliza Temer para a votação de
amanhã”, declarou Alessandro Molon (Rede-RJ).
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