A força de trabalho brasileira ainda não voltou aos patamares de antes da pandemia, e foram os jovens que saíram em massa do mercado. Em um ano, 1 milhão parou de trabalhar e procurar emprego. Segundo estudo do economista Daniel Duque, da FGV, havia 18,6 milhões na faixa etária de 14 a 24 anos no mercado de trabalho em 2021.
No ano passado, eram 17,6 milhões. Ante 2019, a queda foi ainda maior: 1,3 milhão não está mais disponível para o trabalho. A boa notícia é que 55% deles estão estudando. Os salários mais baixos nessa faixa etária desestimulam, e o aumento das transferências de renda permite que o jovem se dedique aos estudos.
O efeito é maior quando a análise se concentra nas regiões onde houve mais pagamentos do Auxílio Brasil, que subiu de R$ 200 no início de 2022 para R$ 600 no período eleitoral, mínimo mantido no atual governo ao rebatizar o benefício de Bolsa Família. Em alguns locais, a massa de rendimentos chegou a subir 30%, afirma Duque:
— Nos últimos tempos, houve grande expansão das transferências sociais, de 0,5% para 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB). Mais que triplicou. É possível ver que aumentou o nível de emprego nas regiões que receberam mais transferências e reduziu a taxa de participação dos jovens. Na força de trabalho em geral, o efeito foi praticamente zero.
Entre os jovens que pararam de trabalhar ou de procurar emprego, 55% estão estudando, mostra a pesquisa de Duque a partir de dados da Pnad, do IBGE. A sala de aula é importante num mundo que está cortando os empregos menos qualificados, funções que podem ser automatizadas. Nessa situação, melhorar a qualidade da educação, que caiu durante a pandemia, é um desafio do país. Via O Globo.
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