Seis potiguares e um paraibano foram condenados pela Justiça de Portugal por tráfico internacional de drogas. Segundo uma decisão judicial do final de abril obtida pela TRIBUNA DO NORTE, os tripulantes saíram de Recife em direção a Portugal numa embarcação pesqueira chamada “Wood” com 999 tabletes de cocaína (quase uma tonelada) para serem entregues no país português quando foram interceptados por fuzileiros navais e presos. A condenação, em primeira instância, é do Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa e assinada por três juízes. Os potiguares e o paraibano estão foragidos. A droga apreendida foi avaliada pelas autoridades portuguesas em 44 milhões de euros (R$ 234,2 milhões na cotação atual).
A droga encontrada na embarcação com os potiguares, segundo avaliações da perícia portuguesa, tinha um grau de pureza entre 84,8% e 91,6%. Segundo informações da Polícia Federal, o grupo integrava a quadrilha do ex-major da Polícia Militar do Mato Grosso do Sul, Sérgio Roberto de Carvalho, 64, o Major Carvalho, que está preso em Budapeste, na Hungria, desde 21 de junho de 2022. Investigações da Polícia Federal mostraram que o Major Carvalho, também conhecido como “Escobar Brasileiro”, foi responsável pelo envio de pelo menos 49 toneladas de cocaína para Europa via portos brasileiros, incluindo o Porto de Natal, tendo movimentado R$ 2,25 bilhões em três anos.
De acordo com as informações da decisão, a embarcação em que os potiguares estavam foi abordada por policiais judiciários portugueses às 01h55 do dia 22 de maio de 2019, a 280 milhas náuticas da Cidade da Praia, Cabo Verde, distante cerca de 4.000km de Lisboa. A decisão judicial aponta que a embarcação estava parada justamente aguardando um segundo barco “para a fazer o transbordo da cocaína para este em alto mar”, diz texto da justiça portuguesa.
A ação fez parte operação “Areia Branca”, que teve início após troca de informações entre autoridades brasileiras e portuguesas. Ela foi assistida pelo órgão norte-americano de combate às drogas, o Drug Enforcement Administration (DEA), e pela agência britânica National Crime Agency.
A droga foi acondicionada na embarcação, segundo informações da Polícia Federal, com uma técnica chamada “pescaria”, que consiste no transporte da droga em lanchas e/ou içamento para navios. Segundo informações da Revista Piauí, um dos detidos declarou que a droga fora arremessada no mar por helicóptero, de uma altura de 20 metros, num trecho a cerca de 90 km da costa pernambucana. Nos tabletes de cocaína haviam adesivos com as marcas da Louis Vitton, marca de bolsas, e do clube espanhol Real Madrid.
Aliado a isso, a droga estava distribuída em fardos de ráfia e segundo a justiça portuguesa, estava escondida no interior do tanque de lastro da popa, um compartimento projetado especialmente para este fim e de difícil acesso. A decisão judicial cita que existia a possibilidade do grupo preso receber 44 mil euros (R$ 233,9 mil) pela viagem marítima.
Pela decisão judicial, foram condenados: Edmilson Miranda Gomes, 59 (mestre de embarcação); Francisco Gomes Barbosa, 43, (cozinheiro e pescador); Marcos Antônio Teófilo da Silva, 48 (pescador e responsável pela refrigeração); José Bezerra Pereira, 68,(pescador); Janilton Sousa da Rocha, 41 (pescador); Wálter Santos de Pontes, 40 (pescador); e Marcelo Teixeira de Lima, 48 (pescador e mecânico). O primeiro teve pena de 9 anos, com os demais tendo pena imputada de oito anos e seis meses.
“Todos os arguidos colaboraram na colocação e guarda dos indicados fardos de cocaína no interior da embarcação, cientes da natureza estupefaciente da substância neles acondicionada, participando e actuando com o propósito de concretizarem o indicado transporte, deste modo contribuindo para a futura comercialização da cocaína, com o fito de obterem, como contrapartida, uma compensação monetária, em montante não concretamente apurado”, diz trecho da decisão judicial.
A reportagem da TN não conseguiu contato com a defesa dos réus citados. O espaço está aberto para eventuais esclarecimentos assim que houver manifestação.
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