Um estudo divulgado nesta terça-feira é
mais um a reforçar que os fatores que interferem no risco de autismo não
se restringem aos genéticos e podem acontecer antes mesmo do nascimento
da criança. De acordo com a pesquisa, meninos autistas são mais
propensos a terem sido expostos a altos níveis de hormônios esteroides
(como testosterona, progesterona e cortisol) no útero materno do que
meninos sem o transtorno.
Segundo os autores do estudo, que são da
Universidade de Cambridge, na Grã-Bretanha, e do Instituto Statens
Sereum, na Dinamarca, essa conclusão pode ajudar a explicar o motivo
pelo qual o autismo é mais comum entre o sexo masculino. Além disso, a
pesquisa, publicada no periódico Molecular Psychiatry, ajuda a desvendar as causas do transtorno, que ainda são desconhecidas.
O estudo se baseou na análise de
amostras de líquido amniótico armazenadas em um hospital da Dinamarca e
coletadas de gestantes entre 1993 e 1999. Os pesquisadores compararam as
amostras de 128 mulheres cujos filhos eram homens e foram
diagnosticados com autismo a outras 217 amostras de um grupo de
controle.
A equipe descobriu que maiores níveis de
hormônios esteroides no líquido amniótico são mais comuns em bebês do
sexo masculino que receberam o diagnóstico de autismo. “No útero, os
meninos produzem cerca de duas vezes mais testosterona do que as
meninas. Mas em comparação com os meninos sem autismo, aqueles com o
transtorno têm níveis ainda mais elevados. É uma diferença significativa
e pode ter um grande efeito sobre o desenvolvimento do cérebro”, diz
Simon Baron-Cohen, pesquisador da Universidade Cambridge e um dos
autores do estudo.
“Esse é um dos primeiros marcadores não
genéticos que identificados em crianças desenvolvem autismo. Nós já
sabíamos que a testosterona pré-natal elevada está associada com um
desenvolvimento social e de linguagem mais lento”, diz Baron-Cohen.
Segundo os autores, esses resultados não propõem que os médicos passem a
usar bloqueadores hormonais nas gestantes ou medir os níveis hormonais
no útero para detectar autismo no bebê. “O valor das conclusões está em
identificar os mecanismos biológicos que exercem papel importante no
desenvolvimento cerebral atípico do autista”, afirma o pesquisador
Nenhum comentário:
Postar um comentário