segunda-feira, dezembro 08, 2014

UMA FORÇA PARA O CORAÇÃO CANSADO.

Durante 27 meses, pesquisadores acompanharam 8.442 vítimas de insuficiência cardíaca de 47 países
Durante 27 meses, pesquisadores acompanharam 8.442 vítimas de insuficiência cardíaca de 47 países

Uma das descobertas mais fascinantes da história da medicina foi feita pelo médico inglês William Harvey (1578-1657) acerca do sistema circulatório. Ao tomar em suas mãos o coração ainda vivo de cobaias de laboratório, ele testemunhou o funcionamento do intrincado labirinto de veias e artérias que entravam e saíam daquele “músculo oco”, segundo sua definição. “Durante o tempo em que o coração se move, contra­i-se por inteiro; encolhe as suas paredes; os ventrículos são reduzidos e expulsam o seu conteúdo sanguíneo (…) Quando o coração está tenso, a ponto de expulsar o sangue que estava anteriormente encerrado, empalidece e volta a relaxar e a permanecer quieto, mas logo em seguida, assim que o sangue volta a chegar ao ventrículo, o coração adquire a cor púrpura”, lê-se no livro Exercitatio Anatomica de Motu Cordis et Sanguinis in Animalibus (Estudo Anatômico sobre o Movimento do Coração e do Sangue nos Animais), de 1628. “O coração é uma bomba”, concluiu Harvey. Abriu-se ali o caminho para o entendimento de uma doença que, descrita na Antiguidade, desafia a medicina até hoje: a insuficiência cardíaca sistólica — sístole é o movimento de contração do coração, quando ele ejeta o sangue para os outros órgãos e tecidos. Caracterizado pelo enfraquecimento do músculo cardíaco e, consequentemente, pela dificuldade de bombeamento do sangue do coração para o resto do organismo, o distúrbio decorre de alguns dos mais nefastos males da modernidade — infarto, hipertensão, colesterol alto, diabetes, obesidade. Cada uma a seu modo, tais condições lesionam o músculo cardíaco, comprometendo o seu funcionamento. Com 26 milhões de doentes no mundo, 6 milhões deles no Brasil, a doença do coração cansado mata mais do que os cânceres de mama e de intestino juntos. Entre os brasileiros, há, em média, 27 000 óbitos por ano.

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