A agência de classificação de risco Standard &
Poor's precisa rebaixar a nota do Brasil mais quatro vezes para que se
chegue ao nível de classificação da época do governo de Fernando
Henrique Cardoso, quando a nota máxima obtida foi 'BB-', em janeiro de
2001, para depois, em julho de 2002, ser rebaixada a 'B+'.
Enquanto a nota de risco cai, a taxa de juros
aumenta, como mostra a comparação desses dois períodos sob FHC, quando a
Selic era de respectivamente 15,19% e 17,86%.
Segundo a escala da agência, o desejado 'grau de investimento', que
atrai capitais para o país, só foi obtido pelo Brasil em 30 de abril de
2008, portanto, no auge do segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva.
Desde então, a classificação subiu um degrau em 2011, para voltar agora
ao nível de 2008.
O economista e professor da Unicamp Pedro Rossi concorda que a mídia
tradicional está dando uma importância exagerada ao rebaixamento da nota
para agravar a crise política. “A gente não pode negar que isso tem
efeitos reais, porque o setor financeiro e o setor real são coisas
coladas, e infelizmente a nossa economia sofre muito os efeitos da
especulação inerente ao setor financeiro, e o arbítrio que esse setor
confere à economia. A expectativa dos agentes financeiros acaba
rebatendo na economia real. Mas o que eu acho que a gente tem de
questionar é a importância desse tipo de nota na tomada de decisões
políticas”, afirma, suspeitando de sua adoção como critério na condução
de políticas econômicas.
A credibilidade da S&P também não é das melhores. A agência foi
acusada de fraude em 2008, ao classificar o banco Lehman Brothers com
grau 'A', ignorando os títulos podres que levaram o banco a quebrar em
15 de setembro de 2008, detonando a crise mundial. “É extremamente
questionável a atuação dessas agências porque elas são privadas,
financiadas pelo setor privado, elas são alvos de inquéritos em vários
lugares do mundo, elas pagaram multa por manipulação, por fraude, e que
ranquearam os ativos pobres norte-americanos como excelente às vésperas
da crise nos Estados Unidos, então, seus critérios são extremamente
questionáveis”, diz o economista.
E mesmo que houvesse uma atuação ética da agência, ainda assim sua
avaliação seria questionável, na opinião do economista. “No fundo eles
estão avaliando uma coisa específica que é a saúde do país diante do
credor. E o que é bom para o credor não é necessariamente bom para a
população ou para a estratégia a ser seguida pelo país”.
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