quarta-feira, setembro 16, 2015

S&P precisa rebaixar nota do país mais quatro vezes para chegar ao nível de FHC.

A agência de classificação de risco Standard & Poor's precisa rebaixar a nota do Brasil mais quatro vezes para que se chegue ao nível de classificação da época do governo de Fernando Henrique Cardoso, quando a nota máxima obtida foi 'BB-', em janeiro de 2001, para depois, em julho de 2002, ser rebaixada a 'B+'.

Enquanto a nota de risco cai, a taxa de juros aumenta, como mostra a comparação desses dois períodos sob FHC, quando a Selic era de respectivamente 15,19% e 17,86%.

Segundo a escala da agência, o desejado 'grau de investimento', que atrai capitais para o país, só foi obtido pelo Brasil em 30 de abril de 2008, portanto, no auge do segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva. Desde então, a classificação subiu um degrau em 2011, para voltar agora ao nível de 2008.

O economista e professor da Unicamp Pedro Rossi concorda que a mídia tradicional está dando uma importância exagerada ao rebaixamento da nota para agravar a crise política. “A gente não pode negar que isso tem efeitos reais, porque o setor financeiro e o setor real são coisas coladas, e infelizmente a nossa economia sofre muito os efeitos da especulação inerente ao setor financeiro, e o arbítrio que esse setor confere à economia. A expectativa dos agentes financeiros acaba rebatendo na economia real. Mas o que eu acho que a gente tem de questionar é a importância desse tipo de nota na tomada de decisões políticas”, afirma, suspeitando de sua adoção como critério na condução de políticas econômicas.

A credibilidade da S&P também não é das melhores. A agência foi acusada de fraude em 2008, ao classificar o banco Lehman Brothers com grau 'A', ignorando os títulos podres que levaram o banco a quebrar em 15 de setembro de 2008, detonando a crise mundial. “É extremamente questionável a atuação dessas agências porque elas são privadas, financiadas pelo setor privado, elas são alvos de inquéritos em vários lugares do mundo, elas pagaram multa por manipulação, por fraude, e que ranquearam os ativos pobres norte-americanos como excelente às vésperas da crise nos Estados Unidos, então, seus critérios são extremamente questionáveis”, diz o economista.

E mesmo que houvesse uma atuação ética da agência, ainda assim sua avaliação seria questionável, na opinião do economista. “No fundo eles estão avaliando uma coisa específica que é a saúde do país diante do credor. E o que é bom para o credor não é necessariamente bom para a população ou para a estratégia a ser seguida pelo país”.

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