quarta-feira, setembro 16, 2015

“Escribas ficavam dia e noite ao lado do rei para registrar qualquer decreto”, conta historiador.

O público mais observador da Novela Os Dez Mandamentos já deve ter reparado que, em todo pronunciamento do faraó do Egito, existem escribas “anotando” as ordens do rei, até porque a novela, com base em pesquisas profundas sobre a época, reproduz exatamente o cenário de um palácio e seus costumes. Para matar mais uma curiosidade do telespectador, o R7 conversou com o historiador da Record, Maurício Ferreira, que explicou detalhadamente o importante trabalho destas pessoas. Leia!

Os escribas acompanhavam o faraó dia e noite para que todo e qualquer anúncio fosse registrado, como explica Maurício Ferreira. 

─ Temos o escriba e seu ajudante ao lado do rei, a todo instante. Sua função é anotar todas as ordens e decretos de Ramsés, independente da hora. O escriba fica, inclusive, em um quarto perto do faraó para atendê-lo, pois precisa estar preparado para qualquer registro.

O historiador explica que os registros eram uma forma de comunicação entre o rei e seu povo ou entre as pessoas que trabalhavam para o faraó e a administração do palácio. 

─ Os escribas registram o decreto do rei e há outro grupo de escribas encarregado de copiar aquela informação, além de distribuí-la por todo o Egito. Este era um esquema de comunicação. Digamos que o faraó decreta que Moisés pode voltar. Tudo será feito da forma citada. Existem, também, escribas em outras funções. Alguns ficam nos campos para verificar a área em que o trigo é plantado, por exemplo, e calcular quanto aquela terra produzirá ao fim da colheita. Outros escribas contam o número de escravos, acompanham o remanejamento destes trabalhadores, enfim. Nestes dois casos, os registros são passados à administração do palácio. Eles tinham informações muito precisas.

Algumas pessoas já devem ter ouvido falar em hieróglifos, que são escritas em pedras ou papiros – uma espécie de papel. Maurício Ferreira explica a diferença entre as duas formas de registro. 

─ Na verdade, nós temos o hieróglifo e o hierático. O hieróglifo era uma escrita mais complexa, rebuscada. No caso do hierático, a linguagem é mais simples. Todas as palavras ditas pelo faraó, orações ou algo ligado ao sagrado eram registrados em modo hieróglifo. Se um escriba verifica o quanto o trigo cresceu, este texto será escrito em hierático e encaminhado a um escriba real, sem complexidade.

Naquela época, registrar decisões reais ou movimentações no Egito era importante, mas, de acordo com o historiador, as anotações não contribuíram efetivamente para estudos históricos. 

─ Estes registros ajudaram e não. O papiro é um material degradável, ou seja, caso não seja muito bem preservado, se desfaz ao longo dos séculos. Muita coisa foi perdida. O que temos dos egípcios são registros deixados em pedras, em paredes de templos e tumbas, por exemplo, normalmente ligados à religião. O sagrado era escrito em pedra e tudo ligado ao mundo normal, em material degradável. Eles acreditavam que as coisas deste mundo se vão, enquanto as do outro são eternas.

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