O papa Francisco partiu de Roma neste sábado, para iniciar sua visita a
Cuba. Na sequência, o pontífice passará por três cidades dos Estados
Unidos: Washington, D.C., Nova York e a Filadélfia, no giro de dez dias
pelos dois países.
O voo especial da Alitalia levando o papa e sua equipe decolou do
Aeroporto Leonardo da Vinci, de Roma, pouco depois das 5h30 (de
Brasília) deste sábado. Será a primeira visita dele aos dois antigos
arqui-inimigos, após a maior autoridade da Igreja Católica conseguir
impulsionar uma histórica reaproximação entre os dois governos.
O pontífice deve dar uma mostra de solidariedade aos cubanos e
deixará claro que os hispânicos nos EUA são a base da Igreja Católica no
país. Francisco será o primeiro pontífice na história a falar no
Congresso dos EUA e o primeiro a proclamar um santo em território
norte-americano, ao canonizar o controverso missionário espanhol
Junípero Serra.
Ele também seguirá alguns passos de seus antecessores, sendo o
terceiro papa a visitar Cuba em 17 anos, mesmo com o país tendo uma
comunidade pequena de católicos. Ele deve também tratar na Organização
das Nações Unidas de questões como imigração, meio ambiente e
perseguição religiosa, sendo ouvido por centenas de líderes mundiais.
Um jesuíta argentino de 78 anos, o papa navegará em boa medida por
águas desconhecidas. Ele nunca visitou os dois países e confessou que os
EUA eram tão desconhecidos para ele que passaria o verão lendo sobre o
país. A popularidade do pontífice nos EUA é grande, mas também há
opositores, especialmente aqueles que rechaçam suas críticas aos
excessos do capitalismo.
Essa mensagem, por outro lado, agrada muito ao presidente cubano Raúl
Castro, que brincou que se Francisco mantiver essa linha ele mesmo
voltaria à Igreja Católica. Por outro lado, o papa já criticou também a
revolução socialista – e ateia – de Cuba, considerando que ela nega aos
indivíduos sua “dignidade transcendente”.
Muitos cubanos veem o papa como um herói, por seu papel para ajudar a
restabelecer as relações diplomáticas entre EUA e Cuba. Um colaborador
próximo do papa no Vaticano, Guzmán Carriquiry, disse, porém, que o
objetivo fundamental da visita de Francisco a Cuba é pastoral, não
político. “Quanto perguntei ao Santo Padre se ele ia a Cuba continuar as
negociações entre Estados Unidos e Cuba, ele respondeu claramente que
esse não era o motivo da viagem”, disse Carriquiry em entrevista recente
à imprensa. Segundo ele, a intenção é reafirmar a fé católica dos
cubanos e dar ânimo a uma comunidade que “sofreu nas últimas décadas”.
Isso não quer dizer, porém, que não haverá política na agenda, mas
sim que ela deve ocorrer a portas fechadas. O porta-voz do Vaticano,
Federico Lombardi, disse que o pontífice pode discutir em privado temas
como os dissidentes cubanos, “sem ter que lidar com eles de forma
ruidosa”.
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