sexta-feira, agosto 13, 2021

Taxa de doadores de órgãos cai 13% no primeiro semestre.

Apesar de a taxa de notificação de potenciais doadores de órgãos ter aumentado 13% no primeiro semestre de 2021, a taxa de doadores efetivos caiu no mesmo percentual (13%). Segundo os dados divulgados hoje (13) pela Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), a queda se deve à perda de 24,9% na taxa de efetivação da doação.

Segundo o editor-chefe do Registro Brasileiro de Transplantes (RBT) e membro do Conselho Consultivo da associação, Valter Duro Garcia, o que explica a queda é o aumento de 44% na taxa de contraindicação, em parte pelo risco de transmissão de covid-19 ou pela dificuldade de fazerem o teste PCR para a detecção da doença ou para obter o resultado rapidamente.

“O que acontece no Brasil ocorre em praticamente todos os países que tiveram a pandemia mais violenta, assim como foi para nós. A covid-19 impactou o número de transplantes, doadores e transplantados que tiveram risco maior de morrer pela doença. Até o ano passado, de cada três potenciais doadores, um se tornava doador. Neste ano, de cada quatro potenciais, só um efetivou. Ou porque o doador testava positivo para covid-19, ou porque não se tinha rapidez no resultado do teste para levar à cirurgia. A covid-19 atrapalhou a efetivação da doação.”

Segundo a versão semestral do Registro Brasileiro de Transplantes (RBT) - balanço completo sobre doação de órgãos e transplantes no país - o transplante renal (19,2 por milhão de população - pmp) diminuiu 16,3%. As maiores quedas ocorreram nos estados de Santa Catarina (63%) e Rio Grande do Sul (59%).

 Nenhum estado atingiu 40 transplantes renais por milhão de população e só três unidades da federação ultrapassaram 30 transplantes: Paraná, São Paulo e Distrito Federal. Os transplantes renais com doador vivo tiveram queda menor que os com doador falecido (9,5% contra 17,3%), entretanto, representam apenas 10% dos transplantes renais, a menor taxa desde o início dos transplantes no Brasil.

Os transplantes hepáticos caíram 9%, sendo maiores em Minas Gerais (27%) e Paraná (20%). O transplante com doador vivo aumentou 10% e com doador falecido caiu 12%. O transplante cardíaco (1,2 pmp) diminuiu 15%, sendo essa queda mais acentuada no Ceará (86%), Paraná (66%) e Rio Grande do Sul. O transplante pulmonar, realizado em apenas dois estados, neste semestre, caiu 5,7%, tendo aumentado 31% em São Paulo e diminuído 50% no Rio Grande do Sul.

O balanço também mostra que o transplante de pâncreas, realizado em sete estados, aumentou 21,7%, com aumento em Santa Catarina (67%) e São Paulo (55%) e queda no Paraná (67%), Minas Gerais (17%) e Rio de Janeiro (12%). O transplante de córneas, embora com taxa baixa (52,9 pmp) já apresentou recuperação de 40% em relação ao mesmo período do ano passado.

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