O álcool foi a substância mais encontrada, com 23%, seguido da cocaína
(12%) e da maconha (5%). Em 9% das amostras de sangue foram encontrados
sinais de mais de uma droga.
O estudo foi feito entre julho de 2018 e junho de 2019 com pacientes
maiores de 18 anos que tiveram lesões traumáticas por acidentes de
trânsito, quedas e episódios de violência, como agressões, armas de fogo
e esfaqueamentos.
Entre os pesquisados, 44% apresentaram algum padrão de consumo
prejudicial de álcool. Com idade média de 36 anos, os 376 participantes
do estudo, dos quais 80% eram homens, foram recrutados dentro do próprio
Hospital das Clínicas. As amostras de sangue eram coletadas depois de
os pacientes já estarem estabilizados, no máximo seis horas depois do
acidente. Os voluntários também responderam questões socioeconômicas.
Segundo a pesquisa, das hospitalizações analisadas, 56% foram causadas
por acidentes de trânsito, e quase metade deles envolveu motociclistas.
Entre estas pessoas, 31% tiveram resultado positivo em testes sobre uso
de entorpecentes. Entre os voluntários do estudo, a prevalência de
consumo de substâncias psicoativas era maior em homens (35%), indivíduos
entre 18 e 39 anos (41%), solteiros (43%) e pacientes que sofreram
traumas no período noturno (44%).
“São grupos que tendem a consumir mais drogas e a se expor mais a
situações de risco. O álcool ainda é a substância de maior preocupação
em questão de saúde pública. O dado interessante é que os mais
impactados por esses acidentes foram os motociclistas. Pela primeira
vez, motociclistas ultrapassaram pedestres em taxa de letalidade, porque
eram o principal grupo atingido. Desde 2018, eles ocupam a primeira
colocação, talvez pelo aumento do número de aplicativos de entrega”,
disse Henrique Bombana, um dos autores do estudo e pesquisador
colaborador do Centro de Ciências Forenses da FM-USP.
Bombana destacou que, quanto mais grave o acidente, maior a prevalência
do uso de drogas. “Alguns estudos já demonstram que pacientes com lesões
traumáticas que fizeram uso de substâncias estimulantes, como cocaína,
tendem a ter lesões mais graves do que aqueles que não usaram nada. Nós
conseguimos observar, comparando com outros estudos, que também com
motoristas no trânsito, a sequência do uso do álcool e drogas aumenta
com relação a acidentes e mortes."
Treze por cento dos participantes da pesquisa foram hospitalizados em
decorrência de atos violentos. Metade apresentava lesões por armas de
fogo, um quarto por agressões físicas e um quinto por traumas
penetrantes, como esfaqueamentos. Nesse grupo, foi maior a prevalência
de uso de álcool e drogas ilícitas (44%) e mais baixa a média de idade
(31 anos). Nas agressões físicas, as amostras positivas para
entorpecentes chegaram a 75%.
As internações provenientes de quedas representaram 32% dos indivíduos,
com idade média de 42 anos, dos quais 29% haviam consumido álcool ou
drogas ilícitas. O estudo também indicou que a prevalência do uso de
cocaína foi maior entre os pacientes e que a combinação entre álcool e
cocaína foi a mais encontrada nas amostras dessa investigação.
De acordo com Bombana, não havia dados sobre o uso dessas substâncias
entre pacientes graves de traumas e a existência de tais informações
poderia contribuir para a elaboração de políticas públicas de
conscientização e prevenção. Para o pesquisador, ainda é preciso
aprofundar os estudos com relação ao tema, mas é possível afirmar que é
necessário que fiscalizar, principalmente no trânsito, não só o consumo
de álcool, que já é feito, mas de outras drogas, como cocaína e maconha.
“Existem alguns métodos para isso, mas não são usados no Brasil, também
por falta de investimento”, afirmou. Via A/B.
domingo, janeiro 23, 2022
Estudo aponta relação entre consumo de drogas e internações por trauma.
Estudo
conduzido por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), com
apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e
colaboração de pesquisadores do Hospital Universitário de Oslo, na
Noruega, mostrou que 31,4% das pessoas internadas por trauma no Hospital
das Clínicas da Faculdade de Medicina (HC/FM-USP) apresentavam traços
de consumo de substâncias psicoativas.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário