O Programa Estadual de Transplantes (PET) do Rio de Janeiro fechou o
mês de maio com um recorde histórico de 96 transplantes de córnea, quase
10% a mais do que em todo o ano de 2009, antes da criação do programa,
quando foram feitos 88 procedimentos do tipo em unidades de saúde no
estado. Em 2017, já são 345 transplantes de córnea. Quando o projeto foi
criado, em 2010, a fila de espera por esse tipo de transplante era de
10 anos. No ano passado, a espera na fila reduziu para um ano e meio.
Tecidos
como córnea e pele, além de ossos e válvulas cardíacas podem ser doados
tanto nos casos de morte encefálica quanto na morte resultante de
parada cardíaca, diferentemente do que ocorre com órgãos como o coração,
o fígado e os rins, entre outros, que só podem ser retirados para
doação em caso de morte cerebral. Para ser um doador, basta comunicar à
família o desejo de doar.
O secretário de Saúde do estado, Luiz
Antônio Teixeira Jr., ressaltou que, apesar do avanço, é preciso que
haja uma mudança cultural em relação à doação de órgãos e tecidos. “É
importante que as pessoas conversem sobre o assunto e esclareçam suas
dúvidas. A doação pode, inclusive, devolver a visão para aqueles que a
perderam completamente.”
Assim como na doação de órgãos, a
autorização familiar é a única forma de garantir que as córneas sejam
doadas. Após a captação, que deve ocorrer em até seis horas após a
morte, elas podem ser devidamente armazenadas por até 14 dias,
facilitando as cirurgias de transplante. Atualmente, o estado conta com
27 unidades transplantadoras.
O coordenador do PET, Rodrigo
Sarlo, explicou que uma série de ações vem sendo implementadas desde
2014. “Otimizamos a captação de morte encefálica, aumentamos o aceite de
córneas que vêm de outros estados e a captação de córnea de doadores
vítimas de parada cardíaca e estamos realizando um trabalho junto aos
centros transplantadores, que vêm se organizando e se estruturando para
realizar o procedimento. No ano passado, foram quase 600 transplantes de
córnea e a expectativa é chegar a 700 este ano”, destacou.
“O
transplante nos garante a substituição total ou parcial da córnea
doente, ou opaca, por uma nova, sadia. Isso permite a correção de
defeitos oculares. Trata-se de um procedimento ambulatorial e o paciente
não precisa ser hospitalizado. O sucesso da cirurgia varia de acordo
com a complexidade de cada caso, mas, em geral, esse índice varia
mundialmente entre 80 e 90% de cirurgias bem-sucedidas”, explicou Sarlo.
O
Banco de Olhos é fruto de parceria entre o Instituto Nacional de
Traumatologia e Ortopedia (Into) e o PET. A indicação para a realização
de um transplante de córnea é feita quando são detectadas alterações ou
perda de uma ou mais de suas características – curvatura, regularidade e
transparência. O ceratocone – patologia que prejudica o formato da
córnea – é a principal causa de transplantes de córnea no Brasil. A
saúde do olho também pode ser afetada por úlceras, degenerações e
distrofias, além de problemas que podem ser genéticos, hereditários ou
ainda causados por ferimentos e infecções.
Para receber uma
córnea, o paciente deve estar inscrito, após encaminhamento médico, na
lista única que fica a cargo do PET. Uma equipe de transplantes
credenciada ao Ministério da Saúde irá representá-lo e inscrevê-lo junto
ao Sistema Informatizado de Gerenciamento, coordenado pelo Sistema
Nacional de Transplantes. Automaticamente, o paciente terá o Registro
Geral de Cadastro Técnico, um número que o identifica e fornece
informações importantes, como a situação na lista de espera. O critério
de espera pelo transplante de córnea é cronológico: quem foi inscrito
antes será submetido ao procedimento primeiro.
Em 2014, o PET lançou o Manual do Paciente de Transplante de Córnea para informar sobre os processos de doação e transplante com doador falecido e esclarecer dúvidas sobre o tema.
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