O decreto 9.175 que altera o Sistema Nacional de Transplantes (SNT),
assinado ontem (18) pelo presidente Michel Temer, está publicado no Diário Oficial da União
desta quinta-feira (19). O novo texto retira a possibilidade de
consentimento presumido para doação e reforça a decisão expressa da
família do doador no processo. Além disso, acaba com a exigência do
médico especialista em neurologia para diagnóstico de morte encefálica.
O
decreto regulamenta a Lei 9.434, de 1997, conhecida como Lei dos
Transplante de Órgãos, e também inclui o companheiro como autorizador da
doação. Até então, era necessário ser casado oficialmente com o doador
para autorizar o transplante.
“A autorização deverá ser do
cônjuge, do companheiro ou de parente consanguíneo, de maior idade e
juridicamente capaz, na linha reta ou colateral, até o segundo grau, e
firmada em documento subscrito por duas testemunhas presentes à
verificação da morte”, diz o texto em seu parágrafo 1º do Artigo 20.
“Este
novo decreto vai fortalecer a legislação que regula todo o processo de
doação e transplante no Brasil, de modo a aperfeiçoar o funcionamento do
Sistema Nacional de Transplantes frente a evolução das ações e serviços
da rede pública e privada de saúde”, disse o ministro substituto da
Saúde, Antônio Nardi.
A lei cria a Central Nacional de
Transplantes (CNT). Ela vai administrar as informações sobre a
redistribuição de órgãos doados a pacientes da lista de espera, caso o
paciente anteriormente selecionado não faça o transplante. Além disso, a
central vai apoiar o gerenciamento da retirada de órgãos e tecidos e
apoiar seu transporte, incluindo a interlocução com a Força Aérea
Brasileira (FAB).
A não exigência de um neurologista para
diagnosticar a morte encefálica é, segundo o Ministério da Saúde, uma
demanda do Conselho Federal de Medicina (CFM). No novo texto, o
diagnóstico de morte encefálica será confirmado com base nos critérios
neurológicos definidos em resolução específica do conselho.
De
acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil é, em números absolutos, o
segundo maior transplantador do mundo. O país tem 27 centrais de
Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos, além de 14 câmaras
técnicas nacionais, 506 centros de transplantes, 825 serviços
habilitados, 1.265 equipes de transplantes, 63 bancos de tecidos, 13
bancos de sangue de cordão umbilical públicos, 574 comissões
Intra-hospitalares de Doação e Transplantes e 72 organizações de Procura
de Órgãos.
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