Antidepressivo: mudança nas conexões cerebrais ocorreram principalmente no cerebelo e no tálamo
Uma única dose do antidepressivo
escitalopram (também conhecido pelo comercial de Lexapro) pode mudar a
estrutura do cérebro. A mudança nas conexões cerebrais ocorre depois
três horas da ingestão do medicamento. Essa é a conclusão de um estudo
publicado na quinta-feira no periódico Current Biology.
O escitalopram é de uma classe de
medicamentos chamada de inibidores seletivos de receptação (SSRI, na
sigla em inglês). Esse tipo de remédio ajusta a disponibilidade da
serotonina, neurotransmissor que regula o humor, no corpo. Ele diminui a
sua reabsorção pelo organismo.
O estudo observou 22 pessoas saudáveis,
das quais uma parte tomou o medicamento e outra não. Cada grupo foi
submetido a três ressonâncias magnéticas em dias distintos: uma sem que
os participantes ingerissem qualquer substância; a segunda três horas
depois da ingestão de uma dose de Lexapro (para os voluntários que
tomaram o remédio) e a última três horas depois de uma dose de placebo.
Os cientistas, então, compararam as conexões cerebrais entre os
voluntários em todas as fases da pesquisa.
Os exames revelaram que diminuiu
a conectividade entre as células cerebrais das pessoas que tomaram
escitalopram. Além disso, as regiões do cérebro se tornaram mais
interdependentes. Essa característica foi notada, principalmente, no
cerebelo, que coordena o movimento voluntário, e no tálamo, responsável
pela parte sensorial.
“Nós não esperávamos que esse
medicamento tivesse um efeito tão eminente em um prazo tão curto e que o
efeito afetaria todo o cérebro”, diz Julia Sacher, do Instituto Max
Planck para Cognição Humana e Ciências do Cérebro, na Alemanha.
Os cientistas dizem que os resultados
são os primeiros passos para estudos clínicos que analisam pacientes que
sofrem de depressão. “Entender a reação de cada cérebro pode ajudar a
prever de forma eficiente quem vai se beneficiar deste tipo de
antidepressivo, ou não”, explica Julia.
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