O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso reafirmou na noite desta
segunda-feira considerar a presidente Dilma Rousseff uma pessoa
"honrada", mas não fez a mesma observação em relação ao ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva. "Não vejo a Dilma pessoalmente envolvida (em
corrupção). Quanto ao Lula tenho que esperar pra ver, tem muita coisa
pra ser passada a limpo", disse no programa Roda Viva, da TV Cultura.
"Acho até que ela tentou se livrar de muitas dessas coisas e não
conseguiu", disse FHC sobre a dificuldade, a seu ver, de Dilma em
enfrentar estruturas de corrupção já instaladas na máquina estatal. "Ela
é pessoalmente honrada, mas politicamente ela também é responsável",
ressalvou ao avaliar que não é possível um presidente não saber que há
algo de errado quando existe um esquema de corrupção do tamanho que
existia na Petrobras.
FHC disse brevemente que considera
aceitável um ex-presidente dar palestras pagas por empresas, mas que vê
com receio a atitude de "abrir portas", em especial quando essa ponte é
feita para alguma empreiteira específica.
Escândalo na Petrobras
FHC pediu uma pausa nas perguntas para fazer uma ressalva sobre um
trecho do seu livro Diários da Presidência - Volume I, que foi divulgado
na imprensa. No trecho, o tucano confidencia que pensou em intervir na
Petrobras depois de ser alertado, em outubro de 1996, pelo empresário
Benjamin Steinbruch, ex-presidente da Companhia Siderúrgica Nacional
(CSN), de que a estatal petroleira era "um escândalo".
O
ex-presidente destacou que se referia, à época, que a forma de
administrar a empresa era um escândalo e que não falava de qualquer
indício de corrupção - no livro ele destaca que era descabido o fato de
os diretores comporem o conselho de administração. "Essa corrupção que
está aí começou bem datadamente no governo Lula."
Marcelo Odebrecht
Ao comentar de forma passageira a situação do empreiteiro, preso na
Lava Jato, FHC ponderou que a medida da prisão "se justifica, mas tem
limite". "Não pode se transformar prisão preventiva em instrumento de
prisão permanente", avaliou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário