Pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) finalizaram o
sequenciamento completo do genoma do vírus responsável pelo atual surto
de febre amarela no país. A partir dessa análise, eles encontraram
variações inéditas em algumas de suas sequências genéticas. Não há
registro anterior dessas mutações na literatura científica mundial, de
acordo com a instituição.
Sobre um possível impacto das mutações para a vacina disponível no
Brasil, a equipe de cientistas explica que o imunizante adotado
atualmente protege contra diferentes genótipos do vírus, incluindo o sul
americano e o africano, e que as alterações detectadas no estudo não
afetam as proteínas do envelope do vírus, que são centrais para o
funcionamento da vacina.
"Temos que entender que essa alteração não está ocorrendo no principal
tipo de proteína viral, que são as proteinas do envelope, no exterior do
vírus. A vacina vai proteger certamente. Um exemplo disso é que em
qualquer lugar do mundo que você tem variantes da febre amarela, a
vacina protege com a mesma eficácia. A princípio não muda nada", disse
uma das pesquisadoras, Myrna Bonaldo.
Desde o aumento de casos no Brasil, a Fiocruz fez os primeiros
sequenciamentos do vírus. Foram utilizadas duas amostras de macacos
bugios do Espírito Santo, mortos em fevereiro de 2017.
“Os bugios são especialmente importantes nas investigações sobre a
febre amarela por serem considerados 'sentinelas': como são muito
vulneráveis ao vírus, estão entre os primeiros a morrer quando afetados
pela doença. Além disso, estes animais amplificam eficientemente o vírus
em seu organismo”, descreve Ricardo Lourenço, que é veterinário e
entomologista.
Um resultado inicial apontou que esse vírus da febre amarela pertence
ao subtipo genético conhecido como linhagem Sul Americana 1E, que atua
no Brasil desde 2008. No entanto, com o final da análise completa, os
cientistas conseguiram detectar as variações genéticas, que estão
associadas a proteínas envolvidas na replicação viral.
De acordo com os pesquisadores, os impactos da descoberta para a saúde
pública ainda precisam ser investigados e apontam a necessidade de que
mais amostras sejam sequenciadas, relativas a outros lugares do Brasil e
com coletas em humanos, macacos e mosquitos. Novos resultados deverão
ser apresentados nas próximas semanas. Via G1.
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