Ensinar e debater nas escolas sobre sexualidade e gênero, para além
dos aspectos biológicos, pode contribuir de forma eficaz para a redução
da violência sexual contra crianças e adolescentes. A afirmação é da
doutora em educação Maria América Ungaretti, representante no Brasil da
Rede Ecpat (sigla em inglês para Fim da Prostituição Infantil,
Pornografia Infantil e Tráfico de Crianças para Propósitos Sexuais), uma
coalizão de organizações da sociedade civil que trabalha para a
eliminação da exploração sexual de crianças e adolescentes.
Ela defende a educação sobre sexo e gênero nas escolas e considera um retrocesso o aumento da polêmica e das críticas a essa formação.
“Na
hora que eu crio uma criança, desde pequenininha, sabendo o que é sexo,
o que é sexualidade, qual é o direito que ela tem, você vai preparar
essa criança para que, em qualquer abordagem que ela sofra, indicando
para um uso indevido do seu corpo, ela reage, não aceita. Muitas vezes a
criança confunde, acha que aquilo é afeto, carinho. Se ela tem controle
do seu corpo e sabe o que podem fazer com o corpo dela ou não fazer,
evidentemente que você vai contribuir para uma redução [da violência
sexual]”, afirma.
Para Maria América, a “vivência ampliada da
sexualidade”, exemplificada nas pessoas homossexuais, travestis ou
transexuais, é um avanço da sociedade moderna na “construção do uso do
seu corpo para o prazer”. Mas, segundo ela, o tema ainda é reprimido nas
escolas.
“As escolas estigmatizam e reprimem todos os
adolescentes que querem viver a sexualidade diferentemente. No meu ponto
de vista é um retrocesso o que estão impedindo. E é uma questão
religiosa", diz, em referência à influência das igrejas na formação da
sexualidade.
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